GRATIDÃO PELA VIDA – Amilton e Ariza Alvares


  
 

Visitamos a casa-esconderijo de Anne Frank em Amsterdã no mesmo dia em que uma pesquisa, no Brasil, indicava que o festejado Diário de Anne Frank é o livro preferido dos estudantes do ensino médio no Estado de São Paulo. Pode-se imaginar o sofrimento da adolescente de quinze anos de idade, que permaneceu dois anos naquele esconderijo, sem nenhum contato com o mundo exterior, durante a 2ª Guerra Mundial. Sem contato com outras pessoas, dá para considerar que o cativeiro na casa de Amsterdã tenha sido pior do que o sofrimento enfrentado, posteriormente, nos campos de concentração. No fim da guerra, Anne Frank e a irmã, Margot, morreram no campo de concentração de Bergen-Belsen, depois de passarem pelo famoso campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau. A mãe também morreu na guerra. Salvou-se o pai, Otto Frank, que publicou a primeira edição do diário da filha, em 1947.

Como medir a angústia de quem é cortado abruptamente do mundo dos viventes? E o tamanho do impacto da perda na mente e no coração de uma jovem de quinze anos de idade, será que dá para avaliar? É difícil encontrar respostas, mas pode ser proveitoso, para jovens e adultos e também para os estudantes paulistas fazer uma reflexão acerca das perdas que alteram (ou atropelam) o curso da vida, considerando, especialmente, aquelas perdas que podem determinar o óbito da identidade antes da morte física, situação hoje enfrentada pelos refugiados que tentam ingressar na Europa a qualquer custo. Ao passar da vida normal para a vida de fugitivo ou refugiado, isso, por si só, já constitui uma tragédia. Não dá para medir a intensidade da dor de quem perdeu a própria identidade na guerra e nas rotas de fuga. É triste ver famílias em desespero, em busca abraços fraternais e manifestações de solidariedade, sucumbindo diante de cercas, rejeição e repressão.

O homem não foi criado por Deus para habitar o território das sombras nem para ser um fugitivo neste mundo. Cruel foi o isolamento imposto a Anne Frank e sua família, assim como também é cruel o isolamento imposto hoje aos refugiados na Europa. Que lição podemos então tirar desses quadros de sofrimento, além de compreender que como cidadãos do mundo também temos responsabilidade nas injustiças. A vida cristã é comunitária e as oportunidades devem ser compartilhadas com os estrangeiros. Como cidadãos do céu, precisamos orar e pedir para Deus agir. Precisamos orar pela intervenção milagrosa de Deus, para trazer solução para as guerras. Precisamos do suprimento divino para assegurar a sobrevivência dos refugiados espalhados pelo mundo. Oremos insistentemente pelo término das guerras, pelo combate à fome e à pobreza e pela libertação de povos sob ditaduras de governos opressores e corruptos. E, como cristãos, cada um de nós, precisa viver pela fé. Porque ainda que o ambiente deste mundo seja de intenso sofrimento, ainda que a coisa vá de mal a pior, Deus é poderoso para fazer infinitamente mais do que pedimos e sonhamos (Efésios 3:20). E se a crise, eventualmente, vier a fechar todas as portas e janelas da vida, como no esconderijo de Anne Frank, mesmo assim, não podemos esquecer que o Senhor da História tem o controle da situação e sempre pode nos surpreender com a sua intervenção milagrosa. “Porque, ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, Deus está comigo; a sua vara e seu cajado me consolam” (Salmo 23). Paz e liberdade são anseios naturais do homem, mas o mundo precisa de Deus. Se não der para alcançar a paz dos homens, pelos menos podemos viver em contentamento na paz de Cristo, que excede a todo entendimento (Filipenses 4:7). Na clausura ou na liberdade, não podemos nem pensar em andar distante de Deus; porque o quadro só vai piorar se deixarmos de olhar para o Salvador. Precisamos aprender com o passado e ter sensibilidade com as tragédias humanitárias do presente século. E nesta pátria abençoada por Deus não podemos nos esquecer de valorizar a liberdade. Sejamos diligentes em “amar a Deus acima de todas as coisas e amar ao próximo como amamos a nós mesmos”. Sejamos gratos pela vida livre que nos é oferecida por Deus. Que haja discernimento para fugir das algemas de Satanás.

Perseverança, fé e oração formam uma boa combinação para enfrentar as vicissitudes da vida. Se a crise política continua assustando o Brasil e o mundo está em chamas, ainda assim podemos manifestar gratidão pela paz neste país. Mesmo afligidos pela crise econômica, podemos olhar para o dia ensolarado e cantarolar “gracias a la vida, que me ha dado tanto”. A noite desta crise pode ser longa e de choro, mas as misericórdias do Senhor se renovam a cada manhã (Lamentações 3:22-23). Mudanças virão; pela graça e misericórdia do Senhor. E a esperança será alimentada pela fé.

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* Amilton Alvares é Procurador da República aposentado, Oficial do 2º Registro de Imóveis, Títulos e Documentos e Civil de Pessoa Jurídica da Comarca de São José dos Campos/SP, colaborador do Portal do Registro de Imóveis (www.PORTALdoRI.com.br) e colunista do Boletim Eletrônico, diário e gratuito, do Portal do RI.

* Ariza Siviero é pedagoga, advogada e especialista em Direito Processual Civil pela PUC/SP.

Como citar este artigo: ALVARES, Amilton; SIVIERO, Ariza. GRATIDÃO PELA VIDA. Boletim Eletrônico do Portal do RI nº. 0175/2014, de 21/09/2014. Disponível em https://www.portaldori.com.br/2015/09/21/gratidao-pela-vida-amilton-alvares/. Acesso em XX/XX/XX, às XX:XX.

Publicação: Portal do RI (Registro de Imóveis) | O Portal das informações notariais, registrais e imobiliárias!

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