A FERA QUE HABITA EM MIM – Por Amilton Alvares

* Amilton Alvares

Ao comentar o atentado de Boston, que matou algumas pessoas no final da maratona de 2013, o escritor e psicanalista Garcia-Roza afirmou que uma mente sadia é capaz de crueldades, sim. Segundo o escritor “Sem a linha que isola o bem do Mal, a fera e o assassino vêm habitar nossa interioridade”.

O que me surpreende nesses intelectuais é como andam no entorno da Bíblia, sem adentar a Escritura Sagrada. Não conseguem extrair respostas dos ensinamentos dos Profetas e da Lei. Não conseguem olhar para o legado de Jesus e de seus discípulos. Afinal, que novidade há em afirmar-se que a fera e o assassino habitam o nosso interior? Vejamos a suma do pensamento de Garcia-Roza, autor de muitos livros: “A mente de um criminoso não é necessariamente doentia. Uma mente sadia é capaz de crueldades, sim. Não há o Bem e o Mal, mas apenas o bom e o mau, ambos demasiadamente humanos. A partir da eliminação da linha que circunscreve, separa e isola o Bem do Mal, a fera e o assassino passam a habitar a nossa própria interioridade”. E arremata o autor: “Os sonhos de cada um de nós são o que há de pior em termos de delinqüência”.

Ora, Jeremias já afirmou que o coração do homem é enganoso e desesperadamente corrupto. Davi afirmou – “Eu nasci na iniqüidade e em pecado me concebeu minha mãe. E Paulo diz – “Está em mim o querer fazer o bem, não, porém, o efetuá-lo”. Em linguagem simples, Paulo afirma: “ Eu quero fazer o bem, mas quando me dou conta tem outra lei guerreando comigo (aqui dentro de mim) que me leva a fazer o mal. O texto de Romanos 7 seria catastrófico, se o capítulo terminasse no verso 24 – “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”. Felizmente, o texto prossegue – “Graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado. Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm.7.25 e 8.1).

Com olhos humanos, não dá para compreender como um jovem de 19 anos e seu irmão de 26 puderam perpetrar tamanha maldade em Boston. Não dá para entender como um menino de 14 anos amarra uma bomba no próprio corpo para explodir no meio da multidão. Não dá para entender como a ganância pode ter causado mais de 240 mortes em Santa Maria. Não dá para compreender como o pai aceita a trama da madrasta para tirar a vida do próprio filho. Mas num aspecto temos de concordar com o pensamento de Garcia-Roza – “Somos todos o homem da multidão”. Podemos nos identificar com as vítimas e também com as feras assassinas.

Os intelectuais não dizem, mas a Bíblia diz – o pecado é genético, o mal está dentro de nós, latente; basta um ligeiro sinal ou oportunidade para a maldade se manifestar. Mesmo assim não precisamos viver derrotados. Maior é o que está em nós (o Espírito Santo de Deus) do que o que está no mundo. Maior é a graça e a misericórdia de Deus do que toda a maldade que se manifesta no homem. Maior é a esperança, alicerçada na fé, do que a desilusão e qualquer sentimento de fracasso ou impotência. Nossa luta interior é constante.  E quem está de pé, cuide para que não caia. Deixe Deus ocupar todo o seu ser e nessa faixa sombria que separa o querer do efetuar a fera poderá ser domada. Com Deus no comando você pode manifestar bênçãos na vida das pessoas. Descanse no Senhor. Maior do que a queda é a redenção da raça humana, que já se consumou na Cruz do Calvário. Por isso podemos ter a certeza de que um dia serão restauradas todas as coisas, e não haverá mais choro, nem morte e nem dor. Aleluia. Maranata, vem Jesus!

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* O autor é Procurador da República aposentado, Oficial do 2º Registro de Imóveis, Títulos e Documentos e Civil de Pessoa Jurídica da Comarca de São José dos Campos/SP, colaborador do Portal do Registro de Imóveis (www.PORTALdoRI.com.br) e colunista do Boletim Eletrônico, diário e gratuito, do Portal do RI.

Como citar este artigo: ALVARES, Amilton. A FERA QUE HABITA EM MIM. Boletim Eletrônico do Portal do RI nº. 0100/2014, de 29/05/2014. Disponível em https://www.portaldori.com.br/2014/05/29/a-fera-que-habita-em-mim/. Acesso em XX/XX/XX, às XX:XX.

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Qual é o critério de Deus para distribuir sofrimento? – Parte III – Conclusão

*Amilton Alvares

Deus não é pai do mal nem produz sofrimento para distribuir a todos os seres viventes. Deus fez o homem à sua imagem e semelhança. No tempo da criação, no diálogo de Deus-Pai com Deus-Filho e Deus-Espírito-Santo, depois de criar e abençoar todos os animais, disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gênesis 1:26). No sétimo dia, Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom (Gn. 1:31).

O pecado ingressou na raça humana porque o homem fez uma escolha equivocada. Na queda (Gn. 3), o homem escancarou a porta para o pecado e o sofrimento, que passaram a fazer parte de nossa vida. Expulso do jardim de Deus (Paraíso, Éden), o homem agora tem uma jornada de espinhos nesta Terra – “Com o suor do seu rosto você comerá o seu pão, até que volte à Terra, visto que dela foi tirado; porque você é pó, e ao pó voltará” (Gn. 3:19-23). Nascido para a imortalidade, o homem agora está ao alcance da morte. Nascido para a vida, sem sofrimentos, o homem agora está sujeito a uma vida de dores. Nascido para uma vida de paz, o homem agora tem de enfrentar uma vida de guerras que muitas vezes começam dentro da própria casa.

O texto de Romanos 1:28 é esclarecedor: “Porque os homens desprezaram o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável para a prática de coisas inconvenientes”. O homem se fez inimigo de Deus mas Deus não se fez inimigo do homem, por isso o sofrimento que o próprio homem chamou para a vida é contido pela graça de Deus. Todo dia, a graça de Deus impede que mais sofrimento venha a nos alcançar. Deus não produz nem distribui o sofrimento. Ele contém o sofrimento. E a Bíblia diz que Ele não dá o fardo maior do que eu possa carregar. É o frio conforme o cobertor da música do Adoniran Barbosa.

A graça salvadora de Deus se manifestou na cruz do calvário, onde Jesus de Nazaré deu a vida pelos nossos pecados. E porque a graça também me sustenta, eu posso fazer minha a revelação divina anunciada pelo apóstolo Paulo quando afirmou: Tenho um espinho na carne, mas o Senhor disse – “a minha graça te basta”. Todos nós passaremos por sofrimentos, mas a palavra do Deus-Filho é: “Tende bom ânimo, eu venci o mundo” (João 16:33).

Clique aqui e leia a Parte I.

Clique aqui e leia a Parte II.

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* O autor é Procurador da República aposentado, Oficial do 2º Registro de Imóveis, Títulos e Documentos e Civil de Pessoa Jurídica da Comarca de São José dos Campos/SP, colaborador do Portal do Registro de Imóveis (www.PORTALdoRI.com.br) e colunista do Boletim Eletrônico, diário e gratuito, do Portal do RI.

Como citar este artigo: ALVARES, Amilton. QUAL É O CRITÉRIO DE DEUS PARA DISTRIBUIR SOFRIMENTO. Boletim Eletrônico do Portal do RI nº. 045/2014, de 10/03/2014. Disponível em https://www.portaldori.com.br/2014/03/10/qual-e-o-criterio-de-deus-para-distribuir-sofrimento-parte-iii-conclusao/ . Acesso em XX/XX/XX, às XX:XX.

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Qual é o critério de Deus para distribuir sofrimento? – Parte II

*Amilton Alvares

Na primeira parte desta reflexão (https://www.portaldori.com.br/2014/02/19/qual-e-o-criterio-de-deus-para-distribuir-sofrimento/), procuramos entender que o sofrimento não vem como contrapartida de uma vida de excessos ou de pecado. Sofrimento também não pode ser explicado diante de uma relação de causa e efeito, do tipo “aqui se faz, aqui se paga”. Não pode ser visto como simples punição divina nem é adequado entender ser fruto da manifestação da ira de Deus. Pode originar-se de um ataque diabólico, mas o Diabo não pode ser culpado por todos os infortúnios da vida. Os bons e os maus enfrentam o sofrimento; e em determinadas fases da vida parece até que os “bons” sofrem mais do que os “maus”. O salmista da Bíblia enfrentou esse dilema ao escrever o Salmo 73 e mostrou todo o seu inconformismo diante de Deus ao perquirir – “Por que prosperam os ímpios?” (Sl. 73).

A humanidade não pode ser dividida em dois grandes grupos, o dos bons e o dos maus, mesmo porque, efetivamente, ninguém é inteiramente bom. Todos somos pecadores. A ideia de que o sofrimento é consequência do pecado sempre povoou a mente humana. Há um relato na Bíblia em que os discípulos perguntavam acerca de um cego de nascença, que, depois, foi curado por Jesus. Perguntaram os discípulos – “Senhor quem pecou, ele ou os seus pais?”. A resposta de Jesus espanca qualquer dúvida – “Nem ele, nem os pais dele”. E acrescentou Jesus – “Ele está assim, para que na vida dele se manifestasse a glória de Deus” (João 9:1-6). Esta passagem bíblica não autoriza ninguém a pensar que sofrimento é consequência direta do pecado. Na equação de Deus sempre tem lugar para a manifestação da graça, por isso dá para entender a situação do ladrão na cruz, em quem Jesus viu arrependimento para oferecer-lhe o ingresso na eternidade com Deus. A Graça desqualifica o pensamento justiceiro e retributivo do “aqui se faz, aqui se paga”.

Precisamos entender que Deus está escrevendo a sua história com os homens e as mulheres, gente a quem ama e quer salvar. Estamos na jornada rumo à eternidade. Lá, não haverá pranto nem dor. Na jornada terrena, o mal bate na porta do rico e na porta do pobre. Os bons e os maus sofrem neste mundo. Ninguém está livre do sofrimento, mas Deus não deixa de assistir aos seus filhos, especialmente na dor. O salmista diz que “Só Ele cura os de coração quebrantado e cuida das suas feridas” (Sl. 147:3). É importante buscar maturidade espiritual para lidar com as feridas desta vida e é bom saber que a dor sempre bate à porta de todos. Sejamos diligentes em aprender com o sofrimento. E confiantes, porque Deus não dá o fardo maior do que podemos suportar (ou, conforme a linguagem poética do Adoniran Barbosa, “Deus dá o frio conforme o cobertor”).

Como sempre estamos ao alcance do sofrimento, é bom a gente aprender a lidar com ele. Sofrimento dói, machuca, mas podemos enfrentar a crise com outra perspectiva. É preciso saber que o sofrimento edifica espiritualmente, fortalece a fé, promove despertamento nas pessoas do nosso círculo de amizades, especialmente nos mais próximos. E a dor nos aproxima do Criador, em quem buscamos dependência e consolo. O sofrimento molda e fortalece o caráter, por isso podemos cantar com Paulo – “Gloriemo-nos nas próprias tribulações, porque a tribulação produz perseverança, a perseverança, um caráter aprovado, e o caráter aprovado, esperança (Rm. 5:1-4). Quanto ao mais, é bom saber que estamos justificados pela fé, por nosso Senhor Jesus Cristo, e temos paz com Deus (Rm. 5:1-2).

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* O autor é Procurador da República aposentado, Oficial do 2º Registro de Imóveis, Títulos e Documentos e Civil de Pessoa Jurídica da Comarca de São José dos Campos/SP, colaborador do Portal do Registro de Imóveis (www.PORTALdoRI.com.br) e colunista do Boletim Eletrônico, diário e gratuito, do Portal do RI.

Como citar este artigo: ALVARES, Amilton. QUAL É O CRITÉRIO DE DEUS PARA DISTRIBUIR SOFRIMENTO. Boletim Eletrônico do Portal do RI nº. 035/2014, de 20/02/2014. Disponível em https://www.portaldori.com.br/2014/02/20/qual-e-o-criterio-de-deus-para-distribuir-sofrimento-parte-ii/. Acesso em XX/XX/XX, às XX:XX.

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