PROCEDIMENTOS DE CONTROLE ADMINISTRATIVO E PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS. LIII CONCURSO PÚBLICO DE PROVAS E TÍTULOS PARA OUTORGA DAS DELEGAÇÕES DAS ATIVIDADES NOTARIAIS E/OU REGISTRAIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. CUMULAÇÃO DE TÍTULOS. IMPOSSIBILIDADE. DECISÃO ANTERIOR DO PLENÁRIO DO CNJ REFERENTE AO MESMO CERTAME

PROCEDIMENTOS DE CONTROLE ADMINISTRATIVO E PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS. LIII CONCURSO PÚBLICO DE PROVAS E TÍTULOS PARA OUTORGA DAS DELEGAÇÕES DAS ATIVIDADES NOTARIAIS E/OU REGISTRAIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. CUMULAÇÃO DE TÍTULOS. IMPOSSIBILIDADE. DECISÃO ANTERIOR DO PLENÁRIO DO CNJ REFERENTE AO MESMO CERTAME.

I – O Plenário do Conselho Nacional de Justiça, em decisão unânime exarada nos autos do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000, de 27 de junho de 2013, decidiu pela impossibilidade de cumulação de todos os títulos listados no item 7.1 do anexo à Resolução CNJ n. 81 no LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais do Estado do Rio de Janeiro.

II – O fato desse entendimento ter ficado restrito ao caso em concreto – sem extensão aos demais concursos submetidos à apreciação deste Conselho – não justifica nem autoriza a sua reanálise, mais de 1 ano depois, pelo próprio órgão prolator, o que representaria, na prática, admitir uma espécie de "recurso tardio" ou "ação rescisória" no âmbito deste Conselho, subvertendo a lógica jurídica dos procedimentos administrativos submetidos ao CNJ, em ofensa ao princípio da segurança jurídica e à regra expressa no art. 4º, §1º, do Regimento Interno desta Casa.

III – Não compete à atual composição discutir a correção ou não da decisão legitimamente adotada pelo órgão máximo deste Conselho, mas apenas zelar pelo efetivo cumprimento da determinação dirigida ao tribunal requerido.

IV – Inexistindo decisão da Suprema Corte que tenha invalidado ou alterado o conteúdo do julgamento proferido, não merece reparo o ato da Comissão de Concurso que, na convocação para a prova de títulos, aplicou corretamente o entendimento firmado pelo Conselho Nacional de Justiça.

V – Pedidos julgados improcedentes.

ACÓRDÃO

O Conselho, por unanimidade, julgou improcedente o pedido, nos termos do voto do Relator. Declarou suspeição a Conselheira Ana Maria. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Saulo Bahia. Presidiu o julgamento o Conselheiro Ricardo Lewandowski. Plenário, 4 de novembro de 2014. Presentes à sessão os Excelentíssimos Senhores Conselheiros Ricardo Lewandowski, Nancy Andrighi, Maria Cristina Peduzzi, Ana Maria Duarte Amarante Brito, Guilherme Calmon, Flavio Sirangelo, Deborah Ciocci, Rubens Curado Silveira, Luiza Cristina Frischeisen, Gilberto Martins, Paulo Teixeira, Gisela Gondin Ramos, Emmanoel Campelo e Fabiano Silveira.

Autos: PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO – 0004385-30.2014.2.00.0000

Requerente: EMIL JACQUES SPPEZAPRIA CARDOSO

Requerido: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ

RELATÓRIO

Cuidam  os  autos  dos Procedimentos  de  Controle  Administrativo  n.  0003886-46.2014.2.00.0000,  0004385-30.2014.2.00.0000  e 0004434-71.2014.2.00.0000 e de Pedido de Providências n. 0004166-17.2014.2.00.0000 , instaurados por BENJAMIN MEDEIROS DA SILVA e OUTROS em face do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ .

Os procedimentos foram reunidos para julgamento por guardarem identidade entre si.

I – PCA n. 0003886-46.2014.2.00.0000

Trata-se de Procedimento de Controle Administrativo instaurado por BENJAMIN MEDEIROS DA SILVA, NETHÂNYA SINYA SANTOS CAVALCANTE, RICARDO LUIZ DE LIMA TRINDADE, RICARDO RAGE FERRO, RODRIGO FARIAS BORGES e YGOR RAMOS CUNHA PINHEIRO em face do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ , por meio do qual pretendem, em síntese, que o CNJ determine àquele Tribunal que promova o correto cumprimento do decidido pelo Plenário deste Conselho no PCA n. 0007782-68.2.2012.00.0000.

Narram, em síntese, que:

a) o edital do LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais do Estado do Rio de Janeiro, publicado em 27 de abril de 2012, estava em consonância com a Resolução CNJ n. 81 e admitia a cumulação de títulos nas mesmas rubricas em atividades de pós-graduação e de magistério;

b) em 19 de agosto de 2012 foi aplicada a prova objetiva, em 21 de outubro de 2012 a prova escrita e prática e, no período de 19 a 30 de maio de 2014, a prova oral;

c)  em 11 de junho de 2014, a Comissão do Concurso publicou a Ata de sua 20ª Reunião, na qual esclarecia as novas regras a serem aplicadas ao exame de títulos, vedando a cumulação de quaisquer deles, haja vista a decisão do CNJ no julgamento do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000;

d) a postura adotada pelo TJRJ violaria a interpretação autêntica conferida pelo Pleno do CNJ ao PCA n. 0007782-68.2.2012.00.0000, realizada por ocasião do julgamento do PCA n. 0004294-71.2013.2.00.0000, a regra de transição para concursos em andamento, bem como o entendimento do Pleno do Supremo Tribunal Federal;

e)  o CNJ, por ocasião do julgamento do PCA n. 0004294-71.2013.2.00.0000, relativamente ao concurso realizado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, teria entendido que a matéria discutida no PCA n. 0007782-68.2.2012.00.0000 se restringia à impossibilidade de cumulação dos pontos referentes às atividades de conciliador voluntário, de assistência jurídica voluntária e de prestação de serviços à Justiça Eleitoral, não tendo havido "nenhuma menção aos títulos correspondentes ao exercício do magistério superior na área jurídica ou aos diplomas em cursos de pós-graduação (incisos III e IV do item 7.1 da minuta padrão)"; e

f) a interpretação equivocada da Comissão do Concurso estaria desobedecendo o decidido no PCA n. 0007782-68.2.2012.00.0000 e violando o princípio da segurança jurídica.

Diante disso, pleiteiam, em sede liminar, que o CNJ determine ao TJRJ que " publique convocação complementar para apresentação dos títulos de pós-graduação e de magistério (incisos III e IV do item 16.3 do edital) eventualmente não apresentados (por conta da equivocada limitação constante no Aviso nº 56/2014 nestes 02 incisos), mantendo, no entanto, o termo final de 15/07/2014 como data limite para obtenção do título possível de ser utilizado para pontuação neste concurso (preservando a segurança jurídica e legítima expectativa – item 10 acima), bem como que se abstenha de publicar o resultado do exame dos títulos , até que seja decidido o presente PCA".

No mérito, requerem que o CNJ reconheça ser "equivocada interpretação dado pelo TJERJ ao PCA nº 0007782-68.2012.2.00.0000 ou, ainda assim não entendido, a superação do mesmo pelo próprio Pleno do CNJ, no sentido de determinar o cômputo dos títulos de acordo com a publicação originária do edital do certame (possibilitando a cumulação de títulos de pós-graduação e de atividades de magistério – vedada a cumulação para atividades de eleição, de conciliação e de assistência jurídica voluntária) ".

Os autos foram livremente distribuídos à eminente Conselheira Luiza Frischeisen e vieram-me conclusos para consulta de eventual prevenção em razão do PCA n. 0003816-29.2014.2.00.0000, sob minha relatoria.

Aceitei a prevenção indicada, indeferi o pedido de liminar formulado e determinei a intimação do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro para, no prazo regimental, manifestar-se sobre o requerimento inicial (ID n. 1472881).

O TJRJ se manifestou por meio dos documentos identificados sob o código ID n. 1476352, 1476358 e 1476360.

Em seguida, oportunizei a réplica (ID n. 1477456), admiti terceiros interessados no feito e concedi aos Requerentes o prazo de 5 (cinco) dias para, querendo, se manifestarem sobre as alegações dos terceiros interessados (ID n. 1505831).

Reiterado o pedido de medida urgente pelo Requerente Ricardo Rage Ferro, oportunidade em que mantive íntegra a decisão que indeferiu a liminar, pelos seus próprios fundamentos. Na oportunidade, admiti terceiro interessado no feito (ID n. 1530608).

II – PP n. 0004166-17.2014.2.00.0000

Trata-se de Pedido de Providências instaurado por MARIA APARECIDA ALVES DE MELO MIRANDA em face do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ , por meio do qual se insurge contra a sistemática adotada pelo Tribunal requerido para cômputo dos títulos dos candidatos no LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais.

Alega, em síntese, que:

a) é candidata aprovada na etapa oral do referido certame e aguarda a realização da fase de títulos;

b) os limites instituídos pela Resolução CNJ n. 187 somente se aplicam aos concursos que, mesmo com edital já publicado, ainda não realizaram qualquer prova;

c) "não houve nenhuma menção aos títulos correspondentes aos diplomas de pós-graduação (inciso IV do item 7.1) no julgamento do PCA nº 0007782-68.2012.2.00.0000"; e

d) existe grave equívoco no entendimento adotado pela Comissão do Concurso no sentido de que "está rigorosamente vinculada a decisão do CNJ proferida no julgamento do PCA n° 0007782-68.2012.2.00.0000 que veda a cumulação de quaisquer títulos previstos do item 7.1 no anexo da Resolução 81 deste Conselho".

Diante disso, requer a concessão de medida liminar para determinar " que as regras das provas de títulos sigam estritamente a (sic) o item 7.1, IV da Resolução n° 81 do CNJ, com a cumulação dos títulos de pós graduação, sem limitação " (grifo no original). No mérito, requer a confirmação da liminar.

A Relatora sorteada, Conselheira Deborah Ciocci, encaminhou-me os autos para apreciação de eventual prevenção em razão dos Procedimentos de Controle Administrativo n. 0003816-29.2014.2.00.0000 e 0003886-46.2014.2.00.0000, ambos sob minha relatoria (ID n. 1474476).

Aceitei a prevenção indicada, indeferi o pedido de liminar formulado e determinei a intimação do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro para, no prazo regimental, manifestar-se sobre o requerimento inicial (ID n. 1475685).

O TJRJ se manifestou por meio dos documentos identificados sob o código ID n. 1482625 a 1482629.

Em seguida, oportunizei a réplica, admiti terceiros interessados no feito e concedi aos Requerentes o prazo de 5 (cinco) dias para, querendo, se manifestarem sobre as alegações dos terceiros interessados (ID n. 1477439).

Em razão de pedido de reconsideração, mantive íntegra a decisão que indeferiu o pedido de liminar, pelos seus próprios fundamentos. Na oportunidade, admiti terceiro interessado no feito (ID n. 1509189).

III – PCA n. 0004385-30.2014.2.00.0000

Trata-se de Procedimento de Controle Administrativo apresentado por EMIL JACQUES SPPEZAPRIA CARDOSO em face do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ , por meio do qual impugna o método de cálculo de pontos na prova de títulos adotado no LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga de Delegações de Serviços Notariais e/ou Registrais daquele Estado.

Narra, em síntese, que:

a) há cerca de um ano, a Comissão do Concurso, interpretando a decisão exarada nos autos do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000, teria alterado o Edital do Concurso em epígrafe, sem, contudo, limitar a cumulação de títulos de pós-graduação e magistério;

b) ao convocar os candidatos para a apresentação de títulos, teria conferido nova interpretação à referida Decisão, desta vez de forma equivocada;

e

c) o Conselho Nacional de Justiça já teria assentado em algumas oportunidades que o julgamento do procedimento retro não vedou a referida cumulação, a exemplo do decidido no PCA n. 0004294-71.2013.2.00.0000.

Pelo exposto, requer, liminar e definitivamente, "a cumulação dos títulos de pós graduação e magistério, no Concurso de Outorga de Delegações de Notas e de Registro do TJRJ" e "a convocação suplementar para entrega dos títulos que foram erroneamente vedados pela Comissão, quando da primeira convocação".

Os autos foram livremente distribuídos à eminente Conselheira Gisela Gondin Ramos e vieram conclusos ao meu Gabinete para consulta de eventual prevenção em razão do PCA n. 0003886-46.2014.2.00.0000 e do Pedido de Providências n. 0004166-17.2014.2.00.0000, ambos sob minha relatoria (ID n. 1482869).

A eminente Conselheira Luiza Frischeisen, em substituição a este Relator (art. 24, inciso I, do RICNJ), indeferiu o pedido liminar e determinou a intimação do TJRJ para manifestar-se sobre o requerimento inicial (ID n. 1488654).

O TJRJ se manifestou por meio dos documentos identificados sob o código ID n. 1491927.

Em seguida, oportunizei a réplica, admiti terceiro interessado no feito e concedi aos Requerentes o prazo de 5 (cinco) dias para, querendo, se manifestarem sobre as alegações do terceiro interessado (ID n. 1494222).

Em réplica, o Requerente alegou que (ID n. 1514103):

i) não há falar em coisa julgada administrativa em razão do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000;

ii) o entendimento firmado no PCA citado fora suplantado pelo que restou decidido no PCA n. 0003207-80.2013.2.00.0000, o qual "modulou os efeitos da Resolução 187 e continuou permitindo a cumulação ilimitada de títulos para concursos pregressos, em andamento e com prova realizadas"; e

iii) " aos exatos 12 dias do mês de agosto corrente , foi publicada decisão do STF que, mais uma vez, decidiu pela cumulação dos títulos, em clara manifestação de apoio ao princípio da segurança jurídica. Trata-se do MS 32.941/DF (segue em anexo) , sob relatoria do Ministro Marco Aurélio […]" (grifos no original).

IV – PCA n. 0004434-71.2014.2.00.0000

Trata-se de Procedimento de Controle Administrativo apresentado por FABIO SEABRA DE OLIVEIRA em face do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ , por meio do qual se insurge contra a sistemática adotada pelo Tribunal requerido para cômputo dos títulos dos candidatos no LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais.

Narra, em síntese, que:

a) o concurso público teve início há mais de dois anos, com a publicação do edital de 27 de abril de 2012;

b)  à época, estavam em andamento concursos de outros estados com idêntico regramento, em obediência à Resolução CNJ n. 81, a saber: Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco, Rondônia, Santa Catarina e Rio Grande do Norte;

c) em todos os concursos citados, contemporâneos ao do Rio de Janeiro, admitiu-se a cumulação de títulos relativos ao exercício do Magistério Superior na área jurídica e aos diplomas em cursos de pós-graduação;

d)  alguns destes concursos, notadamente São Paulo e Minas Gerais, já se encontram concluídos, com candidatos em exercício nas suas delegações há mais de ano;

e) por força da decisão exarada no PCA n. 0003713-22.2014.2.00.0000, concursos simultâneos devem ser regidos por idênticas regras; e

f) o efeito da alteração imposta ao certame em razão do decidido no PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000 é "o de ignorar a previsão contida na Resolução n.81/2009-CNJ, que atribui peso dois ao exame de títulos", haja vista que, não "sendo possível atingir a mesma pontuação máxima (dez pontos) das provas escrita e oral, ter-se-ia um exame de títulos cujo peso não seria igual a dois, mas bem inferior".

Pelo exposto, requer, em caráter liminar, a determinação para que o Requerido "não publique o resultado da fase dos títulos enquanto não decidido o mérito desse PCA".

No mérito, pugna para que se determine "a contagem cumulativa , prevista no Edital e na redação originária da Resolução n. 81/2009-CNJ, do Magistério Superior na área jurídica bem como dos Diplomas de Pós-graduação em Direito".

Os autos foram livremente distribuídos à eminente Conselheira Gisela Gondin Ramos e vieram conclusos ao meu Gabinete para consulta de eventual prevenção em razão do PCA n. 0003886-46.2014.2.00.0000 e do Pedido de Providências n. 0004166-17.2014.2.00.0000, ambos sob minha relatoria (ID n. 1485023).

A eminente Conselheira Luiza Frischeisen, em substituição a este Relator (art. 24, inciso I, do RICNJ), indeferiu o pedido liminar e determinou a intimação do TJRJ para manifestar-se sobre o requerimento inicial (ID n. 1487641).

A Corte requerida prestou informações, conforme documentos identificados sob o ID n. 1491976 e 1491977.

O candidato Carlos Augusto Macedo Silva requereu sua admissão como terceiro interessado e a total improcedência dos pedidos formulados (ID n. 1492395).

Considerando que, conforme previsão regimental, a eminente Conselheira Luiza Frischeisen apreciou tão somente a medida de urgência, aceitei a prevenção indicada pela Conselheira originalmente sorteada. Na oportunidade, admiti CARLOS AUGUSTO MACEDO SILVA como terceiro interessado, e concedi vista no prazo de cinco dias ao requerente das informações prestadas pelo Tribunal e pelo terceiro interessado (ID n. 1495955).

Em réplica, o Requerente aduziu que (ID n. 1503259):

i) o Edital somente fora alterado quanto às rubricas de eleição, conciliação e assistência judiciária voluntária, e a decisão considerada cumprida pelo Tribunal somente o foi após dita adequação;

ii) se houve uma decisão que fez coisa julgada administrativa, foi a tomada no PCA n. 0002526-47.2012.2.00.0000, em que se permitiu a cumulação de todos os títulos, e foi proposto respeitando-se o prazo previsto na Resolução CNJ n. 81; e

iii) o Tribunal se equivoca ao invocar a interpretação do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000, pois o entendimento já foi sedimentado em sentido oposto no PCA n. 0004294-71.2013.2.00.0000, quando de seu julgamento plenário.

Encerrei a instrução do feito em 15 de agosto de 2014 (ID n. 1504679).

É o relatório.

Autos: PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO – 0004385-30.2014.2.00.0000

Requerente: EMIL JACQUES SPPEZAPRIA CARDOSO

Requerido: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ

VOTO

Conforme relatado, os Requerentes se insurgem contra a sistemática adotada pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro para cômputo dos títulos dos candidatos no LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais.

Sustentam, em síntese, que:

a)  o Edital do Concurso em epígrafe foi lançado há mais de dois anos, em consonância com a Resolução CNJ n. 81, admitindo, portanto, a cumulação de títulos nas mesmas rubricas em atividades de pós-graduação e de magistério;

b) há cerca de um ano, a Comissão do Concurso, interpretando a Decisão exarada pelo CNJ nos autos do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000, alterou o referido Edital, sem, contudo, limitar a cumulação de títulos de pós-graduação e magistério;

c) ao convocar os candidatos para a apresentação de títulos, a Comissão do Concurso teria conferido nova interpretação à referida Decisão, vedando a cumulação de quaisquer deles;

d) existiria equívoco no entendimento adotado pela referida Comissão, haja vista que o CNJ já teria assentado que o julgamento do procedimento retro não vedou a referida cumulação; e

e) tal postura também violaria a regra de transição para concursos em andamento instituída pela Resolução CNJ n. 187, o entendimento do Pleno do Supremo Tribunal Federal, bem como o princípio da segurança jurídica.

Como visto, trata-se da vetusta discussão acerca da acumulação ou não dos títulos no certame em tela, tema controvertido desde a edição da Resolução CNJ n. 81 e que importou, inclusive, em oscilações jurisprudenciais no âmbito do próprio Conselho.

O que causa espécie, no caso em tela, é o fato de ser esta a terceira oportunidade em que o Plenário do CNJ analisa, especificamente, a possiblidade ou não de cumulação de títulos no LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais do Estado do Rio de Janeiro.

O tema foi inicialmente discutido nos autos do PCA n. 0002526-47.2012.2.00.0000, quando o Plenário do CNJ concluiu pela possibilidade de cumulação dos títulos mencionados nos incisos V e VI do item 7.1 da minuta de edital contida na Resolução CNJ n. 81 (atribuições de conciliador voluntário e serviço prestado à Justiça Eleitoral), sob o seguinte argumento:

"(…)

No que concerne ao exame dos títulos, percebe-se a intenção da norma de possibilitar que as pontuações previstas no item 7.1 da minuta anexa à Resolução 81/2009 sejam contadas de forma cumulativa, tanto que foi expressa ao indicar as exceções à regra de não cumulação.

Por isso, não é facultado à comissão do concurso acrescer ao texto original o valor máximo de pontos para os itens V e VI, da cláusula 16.3 do edital do concurso (correspondentes aos itens VI e VII da cláusula 7.1 da minuta de edital anexa à resolução), a fim de obstar a contagem acumulada das pontuações definidas para uma mesma categoria. Isso contrariaria o propósito da norma para a prova de títulos, qual seja, o de aferir o grau de qualificação técnica e profissional dos candidatos suficientes para o exercício das atividades notariais e registrais." (Procedimento de Controle Administrativo n. 0002526-47.2012.2.00.0000, Relator Cons. Wellington Saraiva, 157ª Sessão, j. 23/10/2012) (Grifo inexistente no original)

A possibilidade de cumulação de títulos no concurso do RJ foi novamente discutida nos autos do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000, oportunidade em que o Plenário deste Conselho, em 27 de junho de 2013 , reviu o entendimento anterior para estabelecer, clara e expressamente , que " são inacumuláveis os pontos relativos a todos os títulos listados no item 7.1 do anexo à Resolução nº 81, de 2009 ".

Com efeito, basta a leitura da Ementa e dos principais trechos da referida decisão para que não reste margem de dúvida de que o Plenário do CNJ, especificamente para o concurso em tela, vedou a cumulação de quaisquer dos títulos previstos no item 7.1 do anexo à Resolução CNJ n. 81:

"PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO. CONCURSO. ATIVIDADE NOTARIAL E REGISTRAL. PROVA DE TÍTULOS. CUMULATIVIDADE DE PONTOS. DESPROPORCIONALIDADE. IMPROCEDÊNCIA.

1.  A impossibilidade de cumulação dos pontos relativos ao exercício da advocacia, de cargos privativos de bacharel em Direito, bem como pelo exercício da atividade notarial e de registros públicos está prevista expressamente no § 1º do item 7.1 da minuta de edital anexa à Resolução nº 81, de 2009.

2.  A possibilidade de cumulação dos pontos relativos a títulos oriundos do exercício de atividades auxiliares à Justiça, como o serviço eleitoral obrigatório ou a função de conciliador voluntário, subverte a valoração das competências estabelecida na Resolução nº 81, do CNJ e se mostra desproporcional na medida em que não podem ser cumulados os pontos relativos aos títulos decorrentes do exercício de atividades essenciais à Justiça, como a advocacia, a magistratura e o Ministério Público.

3. Pedido julgado improcedente, com revisão do entendimento que norteou a decisão do PCA nº 0002526-47.2012.2.00.0000 para vedar a cumulação de quaisquer dos títulos previstos no item 7.1 do anexo à Resolução nº 81, deste Conselho.

Trata-se de Procedimento de Controle Administrativo proposto por Sandro Alexander Ferreira em face do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

(…)

É  o Relatório. VOTO. (…)

É  que por ocasião do julgamento do Procedimento de Controle Administrativo nº 0002526-47.2012.2.00.0000, decidiu-se que a cumulação dos títulos relativos ao exercício das funções de conciliador voluntário e à prestação de serviços à Justiça Eleitoral era possível justamente pelo fato de, sobre ela, não incidir a vedação prevista no § 1º do item 7.1 da minuta de edital anexa à Resolução nº 81.

(…)

No ponto que interessa a este procedimento, acima grifado, o seguinte trecho da fundamentação é ainda mais esclarecedor:

Os §§ 1.º e 2.º do item 7 da minuta de edital anexa à Resolução 81/2009 vedam a contagem de pontuação de forma cumulativa apenas para os títulos indicados nos itens I e II e não fazem restrição no respeitante aos demais.

Veja-se (sem destaque no original):

7. TÍTULOS

7.1. O exame de títulos valerá, no máximo, 10 (dez) pontos, com peso 2 (dois), observado o seguinte:

I – exercício da advocacia ou de delegação, cargo, emprego ou função pública privativa de bacharel em Direito, por um mínimo de três anos até a data da primeira publicação do edital do concurso (2,0);

II – exercício de serviço notarial ou de registro, por não bacharel em direito, por um mínimo de dez anos até a data da publicação do primeiro edital do concurso (art. 15, § 2.º, da Lei n. 8.935/1994) (2,0)

III – exercício do Magistério Superior na área jurídica pelo período mínimo de 5 (cinco) anos:

a) mediante admissão no corpo docente por concurso ou processo seletivo público de provas e/ou títulos (1,5);

b) mediante admissão no corpo docente sem concurso ou processo seletivo público de provas e/ou títulos (1,0); IV – diplomas em Cursos de Pós-Graduação:

a) Doutorado reconhecido ou revalidado: em Direito ou em Ciências Sociais ou Humanas (1,0);

b) Mestrado reconhecido ou revalidado: em Direito ou em Ciências Sociais ou Humanas (0,75);

c) Especialização em Direito, na forma da legislação educacional em vigor, com carga horária mínima de trezentos e sessenta (360) horas-aula, cuja avaliação haja considerado monografia de final de curso (0,5);

VI – exercício, no mínimo durante 1 (um) ano, por ao menos 16 horas mensais, das atribuições de conciliador voluntário em unidades judiciárias, ou na prestação de assistência jurídica voluntária (0,5);

VII – Período igual a 3 (três) eleições, contado uma só vez, de serviço prestado, em qualquer condição, à Justiça Eleitoral (0,5). Nas eleições com dois turnos, considerar-se-á um único período, ainda que haja prestação de serviços em ambos.

§ 1.º As pontuações previstas nos itens I e II não poderão ser contadas de forma cumulativa.

§ 2.º Os títulos somarão no máximo dez pontos, desprezando-se a pontuação superior.

No que concerne ao exame dos títulos, percebe-se a intenção da norma de possibilitar que as pontuações previstas no item 7.1 da minuta anexa à Resolução 81/2009 sejam contadas de forma cumulativa, tanto que foi expressa ao indicar as exceções à regra de não cumulação.

Quando o Acórdão cita as exceções que não permitem a cumulação dos pontos referentes aos títulos, quer indicar exatamente as hipóteses de que cuidam as alíneas I e II do item 7.1 do anexo à Resolução nº 81, de 2009, ou seja, o exercício, por três anos, da advocacia ou de delegação, cargo, emprego ou função pública privativa de bacharel em Direito, ou a atuação no serviço notarial e de registros públicos pelo período de dez anos.

São justamente os pontos referentes a esses títulos, expressamente considerados pela minuta anexa à Resolução nº 81, de 2009, como inacumuláveis, que o requerente quer ver cumulados, o que evidenciaria a improcedência do pedido.

No entanto, entendo que as razões que apresenta para pleitear a possibilidade de cumulação dos pontos relativos aos títulos decorrentes do exercício da advocacia ou de cargo, emprego e função pública privativa de bacharel em Direito, bem como pelo exercício de serviço notarial e de registros públicos, merecem maior reflexão por parte deste Conselho.

O requerente pondera que o Conselho Nacional de Justiça permitiu a cumulação de pontos relativos a títulos que atestam o exercício, pelos candidatos, de atividades auxiliares à Justiça, como o serviço eleitoral e a atuação como conciliador voluntário, sendo necessário, com muito mais razão, que permita também a cumulação de pontos referentes a títulos ligados ao exercício de funções essenciais à Justiça, como a advocacia e até mesmo a própria magistratura ou a experiência como membro do Ministério Público.

Ao prever que, pelo exercício de tais atividades essenciais à Justiça, o candidato faria jus a 2 (dois) pontos, ao passo que, para o exercício de funções periféricas, como conciliador ou mesário de eleições, o candidato à delegação receberia 0,5 (meio) ponto, o anexo à Resolução nº 81, de 2009, deu a correta gradação ao que cada uma das referidas experiências representa em termos de atestado de competência.

É dizer, não se pode colocar em igualdade o candidato que possui três anos de exercício da advocacia, ou da própria magistratura, com aquele que participou como mesário de duas ou três eleições e tampouco com aquele que tem 1 (um) ano de experiência como conciliador. Ao permitir que estes últimos possam cumular ilimitadamente os pontos relativos aos títulos mencionados nas alíneas VI e VII do item 7.1 da minuta de edital anexa à Resolução nº 81, de 2009, a decisão deste Conselho subverte a intenção original do seu próprio normativo, gerando um resultado absolutamente desproporcional.

(…)

A diferença de complexidade e do nível de conhecimento necessário em uma e outra hipótese torna flagrante a falta de proporcionalidade do sistema, ou, como prefere, com mais rigor científico, Humberto Bergmann Ávila, tem-se, aqui, uma violação ao dever de equivalência inerente postulado da razoabilidade. (…).

(…)

No caso sub examine , há indisfarçável desequilíbrio entre a mensuração da experiência exigida dos candidatos que exerceram funções colaterais em relação a daqueles que possuem experiência como atores centrais do sistema de Justiça.

Assim, estou em que este Conselho tem dois caminhos possíveis para restabelecer a proporcionalidade da avaliação dos títulos nos concursos para atividade notarial e registral: a) veda a cumulação de todos os títulos listados no item 7.1 da Resolução nº 81, de 2009, restaurando a proporcionalidade indicada pela pontuação atribuída a cada título na própria norma, ou; b) permite a cumulação dos pontos atribuídos a todos os títulos já referidos.

A primeira opção parece ser aquela que melhor resguarda o princípio da segurança jurídica, porquanto mantém hígida a disciplina dada à matéria pela Resolução nº 81, de 2009 , e pelo Edital do LIII Concurso Público para outorga de delegações das atividades notariais e registrais do Estado do Rio de Janeiro.

Ante o exposto, julgo improcedente o pedido, ao tempo em que proponho a revisão do que foi decidido no PCA nº 0002526-47.2012.2.00.0000 para se fixar que são inacumuláveis os pontos relativos a todos os títulos listados no item 7.1 do anexo à Resolução nº 81, de 2009 . " (Procedimento de Controle Administrativo n. 0007782-68.2012.2.00.0000, Relator Cons. Jorge Hélio, 172ª Sessão, j. 27/6/2013) – Grifos inexistentes no original.

Diante da clareza do entendimento manifestado, não há falar sequer em "interpretação" da referida decisão Plenária. A questão, portanto, não passa por nenhuma das regras de hermenêutica, mas apenas e tão somente pela obrigatoriedade do seu exato cumprimento.

Não se desconhece que o Plenário do CNJ, nos julgamentos posteriores ao do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000, acabou por não aplicar ou estender esse entendimento aos demais concursos submetidos à sua apreciação – talvez em razão da própria mudança da composição do CNJ, ocorrida em agosto de 2013.

Vale dizer: o entendimento manifestado pelo Plenário do CNJ no PCA n. 7782-68 ficou restrito ao caso concreto em discussão, qual seja, o LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais do Estado do Rio de Janeiro.

Esse fato, embora possa explicar a insurgência dos Requerentes – insatisfeitos com o fato da prova de títulos desse concurso, em última análise, ser guiada por regras diversas das aplicáveis aos demais certames -, não justifica e nem autoriza a sua revisão, mais de 1 (um) ano depois, pelo próprio Plenário do CNJ.

Entendimento nesse sentido representaria admitir, na prática, uma espécie de "recurso tardio" ou "ação rescisória" no âmbito deste Conselho, a fim de que seja reanalisado pelo próprio órgão prolator da decisão, o que subverteria a lógica jurídica dos procedimentos administrativos submetidos ao CNJ, como também ofenderia a regra expressa no art. 4º, §1º, do Regimento Interno:

Art. 4º Ao Plenário do CNJ compete o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos magistrados, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, o seguinte:

(…)

§ 1º  Dos atos e decisões do Plenário não cabe recurso.

Mais. Eventual nova mudança nas regras da prova de títulos do presente concurso – mediante revisão do entendimento do Plenário no PCA n. 7782-68 -, decorrido prazo superior a um ano, representaria grave ofensa ao princípio da segurança jurídica.

Com efeito, não compete à atual composição discutir a correção ou não da decisão legitimamente adotada pelo órgão máximo deste Conselho no PCA n. 7782-68, mas apenas zelar pelo efetivo cumprimento da determinação, dirigida ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, para vedar, no concurso em tela, a cumulação de quaisquer dos títulos previstos no item 7.1 do anexo à Resolução CNJ n. 81.

Nessa linha, não merece reparo o ato da Comissão desse Concurso que, na convocação para a prova de títulos, aplicou corretamente o entendimento firmado pelo Conselho Nacional de Justiça ao estabelecer:

" AVISO TJ Nº 56/2014

CONVOCAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DOS TÍTULOS

(…)

I – CONVOCAR os candidatos habilitados nas Provas Orais, pelos critérios de Admissão e de Remoção, para a entrega dos Títulos a que se refere o Capítulo 16 do Edital do concurso (Do Exame de Títulos), devendo tais candidatos observar o disposto no Capítulo 17 do Edital, na Resolução nº 01/2012 e na Ata da 20ª Reunião da Comissão do Concurso, itens V a XI, publicadas, respectivamente, no Diário da Justiça Eletrônico de 25/05/2012 e 13/06/2014.

(…)

VI – LEMBRAR aos candidatos que a contagem de pontos relativos aos Títulos observará a r. decisão proferida pelo Conselho Nacional de Justiça no julgamento do processo n° 0007782-68.2012.2.00.0000, que vedou a cumulação de pontos de quaisquer dos Títulos previstos no item 7.1 do anexo à Resolução CNJ nº 81/2009 ." (Grifo inexistente no original)

Nesse sentido, parece-nos pouco relevante discutir as possíveis interpretações que o teor do Edital publicado pelo TJRJ em 11 de julho de 2013 poderia ensejar, até porque, simultaneamente à sua divulgação, foi publicado o Aviso TJ n. 62/2013, que esclareceu a razão da retificação das cláusulas do Edital e transcreveu na íntegra a Ementa do julgado no PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000.

O essencial, repita-se, é que, ao convocar os candidatos para a prova de títulos, o Tribunal requerido deu efetivo e correto cumprimento à decisão plenária do CNJ.

Registre-se, de outro lado, que não há falar em violação à regra estabelecida pela Resolução CNJ n. 187. O próprio Plenário do CNJ, ao editar essa Resolução, modulou os seus efeitos para determinar a sua aplicação apenas aos concursos que ainda não tinham realizado provas.

A esse respeito, vale transcrever a conclusão do voto proferido pelo Conselheiro Emmanoel Campelo de Souza Pereira no PP n. 0003207-80.2013.2.00.0000, ensejador da mencionada Resolução:

Ante o exposto, julga-se parcialmente procedente o pedido formulado no presente Pedido de Providências, para modificar o texto da Resolução nº 81 do CNJ, na forma da minuta anexa, aplicando-se as regras alteradas aos concursos que, mesmo com edital já publicado, ainda não realizaram qualquer prova . (CNJ – PP n. 0003207-80.2013.2.00.0000, Cons. Relator Emmanoel Campelo de Souza Pereira, j. 11.2.2014) – grifos inexistentes no original.

Assim, como a prova objetiva do concurso em tela foi realizada em agosto de 2012 e a prova escrita e prática em outubro de 2012, não resta dúvida de que as regras da Resolução CNJ n. 187 não são aplicáveis a este certame.

Registre-se, por fim, que eventual interpretação diversa e superveniente pelo STF, em análise de caso concreto diverso, também não autoriza este Conselho a revisitar e revisar todos os casos julgados anteriormente sobre o tema. E, pelo que se extrai, não há nenhuma decisão da Suprema Corte que tenha invalidado ou alterado o conteúdo do julgamento proferido no PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000.

Ante o exposto,  julgo improcedentes os pedidos.

É como voto.

Após as comunicações de praxe, ao arquivo.

Brasília, 30 de setembro de 2014.

RUBENS CURADO SILVEIRA

Conselheiro

PROCEDIMENTOS DE CONTROLE ADMINISTRATIVO E PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS. LIII CONCURSO PÚBLICO DE PROVAS E TÍTULOS PARA OUTORGA DAS DELEGAÇÕES DAS ATIVIDADES NOTARIAIS E/OU REGISTRAIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. CUMULAÇÃO DE TÍTULOS. IMPOSSIBILIDADE. DECISÃO ANTERIOR DO PLENÁRIO DO CNJ REFERENTE AO MESMO CERTAME.

I – O Plenário do Conselho Nacional de Justiça, em decisão unânime exarada nos autos do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000, de 27 de junho de 2013, decidiu pela impossibilidade de cumulação de todos os títulos listados no item 7.1 do anexo à Resolução CNJ n. 81 no LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais do Estado do Rio de Janeiro.

II – O fato desse entendimento ter ficado restrito ao caso em concreto – sem extensão aos demais concursos submetidos à apreciação deste Conselho – não justifica nem autoriza a sua reanálise, mais de 1 ano depois, pelo próprio órgão prolator, o que representaria, na prática, admitir uma espécie de "recurso tardio" ou "ação rescisória" no âmbito deste Conselho, subvertendo a lógica jurídica dos procedimentos administrativos submetidos ao CNJ, em ofensa ao princípio da segurança jurídica e à regra expressa no art. 4º, §1º, do Regimento Interno desta Casa.

III – Não compete à atual composição discutir a correção ou não da decisão legitimamente adotada pelo órgão máximo deste Conselho, mas apenas zelar pelo efetivo cumprimento da determinação dirigida ao tribunal requerido.

IV – Inexistindo decisão da Suprema Corte que tenha invalidado ou alterado o conteúdo do julgamento proferido, não merece reparo o ato da Comissão de Concurso que, na convocação para a prova de títulos, aplicou corretamente o entendimento firmado pelo Conselho Nacional de Justiça.

V – Pedidos julgados improcedentes.

ACÓRDÃO

O Conselho, por unanimidade, julgou improcedente o pedido, nos termos do voto do Relator. Declarou suspeição a Conselheira Ana Maria. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Saulo Bahia. Presidiu o julgamento o Conselheiro Ricardo Lewandowski. Plenário, 4 de novembro de 2014. Presentes à sessão os Excelentíssimos Senhores Conselheiros Ricardo Lewandowski, Nancy Andrighi, Maria Cristina Peduzzi, Ana Maria Duarte Amarante Brito, Guilherme Calmon, Flavio Sirangelo, Deborah Ciocci, Rubens Curado Silveira, Luiza Cristina Frischeisen, Gilberto Martins, Paulo Teixeira, Gisela Gondin Ramos, Emmanoel Campelo e Fabiano Silveira.

Autos: PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO – 0004434-71.2014.2.00.0000

Requerente: FABIO SEABRA DE OLIVEIRA

Requerido: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ

RELATÓRIO

Cuidam os autos dos Procedimentos  de  Controle  Administrativo  n.  0003886-46.2014.2.00.0000,  0004385-30.2014.2.00.0000  e 0004434-71.2014.2.00.0000 e de Pedido de Providências n. 0004166-17.2014.2.00.0000, instaurados por BENJAMIN MEDEIROS DA SILVA e OUTROS em face do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ.

Os procedimentos foram reunidos para julgamento por guardarem identidade entre si.

I – PCA n. 0003886-46.2014.2.00.0000

Trata-se de Procedimento de Controle Administrativo instaurado por BENJAMIN MEDEIROS DA SILVA, NETHÂNYA SINYA SANTOS CAVALCANTE, RICARDO LUIZ DE LIMA TRINDADE, RICARDO RAGE FERRO, RODRIGO FARIAS BORGES e YGOR RAMOS CUNHA PINHEIRO em face do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ , por meio do qual pretendem, em síntese, que o CNJ determine àquele Tribunal que promova o correto cumprimento do decidido pelo Plenário deste Conselho no PCA n. 0007782-68.2.2012.00.0000.

Narram, em síntese, que:

a) o edital do LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais do Estado do Rio de Janeiro, publicado em 27 de abril de 2012, estava em consonância com a Resolução CNJ n. 81 e admitia a cumulação de títulos nas mesmas rubricas em atividades de pós-graduação e de magistério;

b) em 19 de agosto de 2012 foi aplicada a prova objetiva, em 21 de outubro de 2012 a prova escrita e prática e, no período de 19 a 30 de maio de 2014, a prova oral;

c)  em 11 de junho de 2014, a Comissão do Concurso publicou a Ata de sua 20ª Reunião, na qual esclarecia as novas regras a serem aplicadas ao exame de títulos, vedando a cumulação de quaisquer deles, haja vista a decisão do CNJ no julgamento do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000;

d) a postura adotada pelo TJRJ violaria a interpretação autêntica conferida pelo Pleno do CNJ ao PCA n. 0007782-68.2.2012.00.0000, realizada por ocasião do julgamento do PCA n. 0004294-71.2013.2.00.0000, a regra de transição para concursos em andamento, bem como o entendimento do Pleno do Supremo Tribunal Federal;

e)  o CNJ, por ocasião do julgamento do PCA n. 0004294-71.2013.2.00.0000, relativamente ao concurso realizado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, teria entendido que a matéria discutida no PCA n. 0007782-68.2.2012.00.0000 se restringia à impossibilidade de cumulação dos pontos referentes às atividades de conciliador voluntário, de assistência jurídica voluntária e de prestação de serviços à Justiça Eleitoral, não tendo havido " nenhuma menção aos títulos correspondentes ao exercício do magistério superior na área jurídica ou aos diplomas em cursos de pós-graduação (incisos III e IV do item 7.1 da minuta padrão)"; e

f) a interpretação equivocada da Comissão do Concurso estaria desobedecendo o decidido no PCA n. 0007782-68.2.2012.00.0000 e violando o princípio da segurança jurídica.

Diante disso, pleiteiam, em sede liminar, que o CNJ determine ao TJRJ que " publique convocação complementar para apresentação dos títulos de pós-graduação e de magistério (incisos III e IV do item 16.3 do edital) eventualmente não apresentados (por conta da equivocada limitação constante no Aviso nº 56/2014 nestes 02 incisos), mantendo, no entanto, o termo final de 15/07/2014 como data limite para obtenção do título possível de ser utilizado para pontuação neste concurso (preservando a segurança jurídica e legítima expectativa – item 10 acima), bem como que se abstenha de publicar o resultado do exame dos títulos , até que seja decidido o presente PCA".

No mérito, requerem que o CNJ reconheça ser "equivocada interpretação dado pelo TJERJ ao PCA nº 0007782-68.2012.2.00.0000 ou, ainda assim não entendido, a superação do mesmo pelo próprio Pleno do CNJ, no sentido de determinar o cômputo dos títulos de acordo com a publicação originária do edital do certame (possibilitando a cumulação de títulos de pós-graduação e de atividades de magistério – vedada a cumulação para atividades de eleição, de conciliação e de assistência jurídica voluntária) ".

Os autos foram livremente distribuídos à eminente Conselheira Luiza Frischeisen e vieram-me conclusos para consulta de eventual prevenção em razão do PCA n. 0003816-29.2014.2.00.0000, sob minha relatoria.

Aceitei a prevenção indicada, indeferi o pedido de liminar formulado e determinei a intimação do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro para, no prazo regimental, manifestar-se sobre o requerimento inicial (ID n. 1472881).

O TJRJ se manifestou por meio dos documentos identificados sob o código ID n. 1476352, 1476358 e 1476360.

Em seguida, oportunizei a réplica (ID n. 1477456), admiti terceiros interessados no feito e concedi aos Requerentes o prazo de 5 (cinco) dias para, querendo, se manifestarem sobre as alegações dos terceiros interessados (ID n. 1505831).

Reiterado o pedido de medida urgente pelo Requerente Ricardo Rage Ferro, oportunidade em que mantive íntegra a decisão que indeferiu a liminar, pelos seus próprios fundamentos. Na oportunidade, admiti terceiro interessado no feito (ID n. 1530608).

II – PP n. 0004166-17.2014.2.00.0000

Trata-se de Pedido de Providências instaurado por MARIA APARECIDA ALVES DE MELO MIRANDA em face do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ , por meio do qual se insurge contra a sistemática adotada pelo Tribunal requerido para cômputo dos títulos dos candidatos no LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais.

Alega, em síntese, que:

a) é candidata aprovada na etapa oral do referido certame e aguarda a realização da fase de títulos;

b) os limites instituídos pela Resolução CNJ n. 187 somente se aplicam aos concursos que, mesmo com edital já publicado, ainda não realizaram qualquer prova;

c) "não houve nenhuma menção aos títulos correspondentes aos diplomas de pós-graduação (inciso IV do item 7.1) no julgamento do PCA nº 0007782-68.2012.2.00.0000"; e

d) existe grave equívoco no entendimento adotado pela Comissão do Concurso no sentido de que "está rigorosamente vinculada a decisão do CNJ proferida no julgamento do PCA n° 0007782-68.2012.2.00.0000 que veda a cumulação de quaisquer títulos previstos do item 7.1 no anexo da Resolução 81 deste Conselho".

Diante disso, requer a concessão de medida liminar para determinar " que as regras das provas de títulos sigam estritamente a (sic) o item 7.1, IV da Resolução n° 81 do CNJ, com a cumulação dos títulos de pós graduação, sem limitação " (grifo no original). No mérito, requer a confirmação da liminar.

A Relatora sorteada, Conselheira Deborah Ciocci, encaminhou-me os autos para apreciação de eventual prevenção em razão dos Procedimentos de Controle Administrativo n. 0003816-29.2014.2.00.0000 e 0003886-46.2014.2.00.0000, ambos sob minha relatoria (ID n. 1474476).

Aceitei a prevenção indicada, indeferi o pedido de liminar formulado e determinei a intimação do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro para, no prazo regimental, manifestar-se sobre o requerimento inicial (ID n. 1475685).

O TJRJ se manifestou por meio dos documentos identificados sob o código ID n. 1482625 a 1482629.

Em seguida, oportunizei a réplica, admiti terceiros interessados no feito e concedi aos Requerentes o prazo de 5 (cinco) dias para, querendo, se manifestarem sobre as alegações dos terceiros interessados (ID n. 1477439).

Em razão de pedido de reconsideração, mantive íntegra a decisão que indeferiu o pedido de liminar, pelos seus próprios fundamentos. Na oportunidade, admiti terceiro interessado no feito (ID n. 1509189).

III – PCA n. 0004385-30.2014.2.00.0000

Trata-se de Procedimento de Controle Administrativo apresentado por EMIL JACQUES SPPEZAPRIA CARDOSO em face do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ , por meio do qual impugna o método de cálculo de pontos na prova de títulos adotado no LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga de Delegações de Serviços Notariais e/ou Registrais daquele Estado.

Narra, em síntese, que:

a) há cerca de um ano, a Comissão do Concurso, interpretando a decisão exarada nos autos do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000, teria alterado o Edital do Concurso em epígrafe, sem, contudo, limitar a cumulação de títulos de pós-graduação e magistério;

b) ao convocar os candidatos para a apresentação de títulos, teria conferido nova interpretação à referida Decisão, desta vez de forma equivocada;

e

c) o Conselho Nacional de Justiça já teria assentado em algumas oportunidades que o julgamento do procedimento retro não vedou a referida cumulação, a exemplo do decidido no PCA n. 0004294-71.2013.2.00.0000.

Pelo exposto, requer, liminar e definitivamente, "a cumulação dos títulos de pós graduação e magistério, no Concurso de Outorga de Delegações de Notas e de Registro do TJRJ" e "a convocação suplementar para entrega dos títulos que foram erroneamente vedados pela Comissão, quando da primeira convocação".

Os autos foram livremente distribuídos à eminente Conselheira Gisela Gondin Ramos e vieram conclusos ao meu Gabinete para consulta de eventual prevenção em razão do PCA n. 0003886-46.2014.2.00.0000 e do Pedido de Providências n. 0004166-17.2014.2.00.0000, ambos sob minha relatoria (ID n. 1482869).

A eminente Conselheira Luiza Frischeisen, em substituição a este Relator (art. 24, inciso I, do RICNJ), indeferiu o pedido liminar e determinou a intimação do TJRJ para manifestar-se sobre o requerimento inicial (ID n. 1488654).

O TJRJ se manifestou por meio dos documentos identificados sob o código ID n. 1491927.

Em seguida, oportunizei a réplica, admiti terceiro interessado no feito e concedi aos Requerentes o prazo de 5 (cinco) dias para, querendo, se manifestarem sobre as alegações do terceiro interessado (ID n. 1494222).

Em réplica, o Requerente alegou que (ID n. 1514103):

i) não há falar em coisa julgada administrativa em razão do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000;

ii) o entendimento firmado no PCA citado fora suplantado pelo que restou decidido no PCA n. 0003207-80.2013.2.00.0000, o qual "modulou os efeitos da Resolução 187 e continuou permitindo a cumulação ilimitada de títulos para concursos pregressos, em andamento e com prova realizadas"; e

iii) " aos exatos 12 dias do mês de agosto corrente , foi publicada decisão do STF que, mais uma vez, decidiu pela cumulação dos títulos, em clara manifestação de apoio ao princípio da segurança jurídica. Trata-se do MS 32.941/DF (segue em anexo) , sob relatoria do Ministro Marco Aurélio […]" (grifos no original).

IV – PCA n. 0004434-71.2014.2.00.0000

Trata-se de Procedimento de Controle Administrativo apresentado por FABIO SEABRA DE OLIVEIRA em face do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ , por meio do qual se insurge contra a sistemática adotada pelo Tribunal requerido para cômputo dos títulos dos candidatos no LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais.

Narra, em síntese, que:

a) o concurso público teve início há mais de dois anos, com a publicação do edital de 27 de abril de 2012;

b)  à época, estavam em andamento concursos de outros estados com idêntico regramento, em obediência à Resolução CNJ n. 81, a saber: Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco, Rondônia, Santa Catarina e Rio Grande do Norte;

c) em todos os concursos citados, contemporâneos ao do Rio de Janeiro, admitiu-se a cumulação de títulos relativos ao exercício do Magistério Superior na área jurídica e aos diplomas em cursos de pós-graduação;

d)  alguns destes concursos, notadamente São Paulo e Minas Gerais, já se encontram concluídos, com candidatos em exercício nas suas delegações há mais de ano;

e) por força da decisão exarada no PCA n. 0003713-22.2014.2.00.0000, concursos simultâneos devem ser regidos por idênticas regras; e

f) o efeito da alteração imposta ao certame em razão do decidido no PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000 é "o de ignorar a previsão contida na Resolução n.81/2009-CNJ, que atribui peso dois ao exame de títulos", haja vista que, não "sendo possível atingir a mesma pontuação máxima (dez pontos) das provas escrita e oral, ter-se-ia um exame de títulos cujo peso não seria igual a dois, mas bem inferior".

Pelo exposto, requer, em caráter liminar, a determinação para que o Requerido "não publique o resultado da fase dos títulos enquanto não decidido o mérito desse PCA".

No mérito, pugna para que se determine " a contagem cumulativa , prevista no Edital e na redação originária da Resolução n. 81/2009-CNJ, do Magistério Superior na área jurídica bem como dos Diplomas de Pós-graduação em Direito".

Os autos foram livremente distribuídos à eminente Conselheira Gisela Gondin Ramos e vieram conclusos ao meu Gabinete para consulta de eventual prevenção em razão do PCA n. 0003886-46.2014.2.00.0000 e do Pedido de Providências n. 0004166-17.2014.2.00.0000, ambos sob minha relatoria (ID n. 1485023).

A eminente Conselheira Luiza Frischeisen, em substituição a este Relator (art. 24, inciso I, do RICNJ), indeferiu o pedido liminar e determinou a intimação do TJRJ para manifestar-se sobre o requerimento inicial (ID n. 1487641).

A Corte requerida prestou informações, conforme documentos identificados sob o ID n. 1491976 e 1491977.

O candidato Carlos Augusto Macedo Silva requereu sua admissão como terceiro interessado e a total improcedência dos pedidos formulados (ID n. 1492395).

Considerando que, conforme previsão regimental, a eminente Conselheira Luiza Frischeisen apreciou tão somente a medida de urgência, aceitei a prevenção indicada pela Conselheira originalmente sorteada. Na oportunidade, admiti CARLOS AUGUSTO MACEDO SILVA como terceiro interessado, e concedi vista no prazo de cinco dias ao requerente das informações prestadas pelo Tribunal e pelo terceiro interessado (ID n. 1495955).

Em réplica, o Requerente aduziu que (ID n. 1503259):

i) o Edital somente fora alterado quanto às rubricas de eleição, conciliação e assistência judiciária voluntária, e a decisão considerada cumprida pelo Tribunal somente o foi após dita adequação;

ii) se houve uma decisão que fez coisa julgada administrativa, foi a tomada no PCA n. 0002526-47.2012.2.00.0000, em que se permitiu a cumulação de todos os títulos, e foi proposto respeitando-se o prazo previsto na Resolução CNJ n. 81; e

iii) o Tribunal se equivoca ao invocar a interpretação do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000, pois o entendimento já foi sedimentado em sentido oposto no PCA n. 0004294-71.2013.2.00.0000, quando de seu julgamento plenário.

Encerrei a instrução do feito em 15 de agosto de 2014 (ID n. 1504679).

É o relatório.

Autos: PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO – 0004434-71.2014.2.00.0000

Requerente: FABIO SEABRA DE OLIVEIRA

Requerido: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ

VOTO

Conforme relatado, os Requerentes se insurgem contra a sistemática adotada pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro para cômputo dos títulos dos candidatos no LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais.

Sustentam, em síntese, que:

a)  o Edital do Concurso em epígrafe foi lançado há mais de dois anos, em consonância com a Resolução CNJ n. 81, admitindo, portanto, a cumulação de títulos nas mesmas rubricas em atividades de pós-graduação e de magistério;

b) há cerca de um ano, a Comissão do Concurso, interpretando a Decisão exarada pelo CNJ nos autos do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000, alterou o referido Edital, sem, contudo, limitar a cumulação de títulos de pós-graduação e magistério;

c) ao convocar os candidatos para a apresentação de títulos, a Comissão do Concurso teria conferido nova interpretação à referida Decisão, vedando a cumulação de quaisquer deles;

d) existiria equívoco no entendimento adotado pela referida Comissão, haja vista que o CNJ já teria assentado que o julgamento do procedimento retro não vedou a referida cumulação; e

e) tal postura também violaria a regra de transição para concursos em andamento instituída pela Resolução CNJ n. 187, o entendimento do Pleno do Supremo Tribunal Federal, bem como o princípio da segurança jurídica.

Como visto, trata-se da vetusta discussão acerca da acumulação ou não dos títulos no certame em tela, tema controvertido desde a edição da Resolução CNJ n. 81 e que importou, inclusive, em oscilações jurisprudenciais no âmbito do próprio Conselho.

O que causa espécie, no caso em tela, é o fato de ser esta a terceira oportunidade em que o Plenário do CNJ analisa, especificamente, a possiblidade ou não de cumulação de títulos no LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais do Estado do Rio de Janeiro.

O tema foi inicialmente discutido nos autos do PCA n. 0002526-47.2012.2.00.0000, quando o Plenário do CNJ concluiu pela possibilidade de cumulação dos títulos mencionados nos incisos V e VI do item 7.1 da minuta de edital contida na Resolução CNJ n. 81 (atribuições de conciliador voluntário e serviço prestado à Justiça Eleitoral), sob o seguinte argumento:

"(…)

No que concerne ao exame dos títulos, percebe-se a intenção da norma de possibilitar que as pontuações previstas no item 7.1 da minuta anexa à Resolução 81/2009 sejam contadas de forma cumulativa, tanto que foi expressa ao indicar as exceções à regra de não cumulação.

Por isso, não é facultado à comissão do concurso acrescer ao texto original o valor máximo de pontos para os itens V e VI, da cláusula 16.3 do edital do concurso (correspondentes aos itens VI e VII da cláusula 7.1 da minuta de edital anexa à resolução), a fim de obstar a contagem acumulada das pontuações definidas para uma mesma categoria. Isso contrariaria o propósito da norma para a prova de títulos, qual seja, o de aferir o grau de qualificação técnica e profissional dos candidatos suficientes para o exercício das atividades notariais e registrais." (Procedimento de Controle Administrativo n. 0002526-47.2012.2.00.0000, Relator Cons. Wellington Saraiva, 157ª Sessão, j. 23/10/2012) (Grifo inexistente no original)

A possibilidade de cumulação de títulos no concurso do RJ foi novamente discutida nos autos do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000, oportunidade em que o Plenário deste Conselho, em 27 de junho de 2013 , reviu o entendimento anterior para estabelecer, clara e expressamente , que " são inacumuláveis os pontos relativos a todos os títulos listados no item 7.1 do anexo à Resolução nº 81, de 2009 ".

Com efeito, basta a leitura da Ementa e dos principais trechos da referida decisão para que não reste margem de dúvida de que o Plenário do CNJ, especificamente para o concurso em tela, vedou a cumulação de quaisquer dos títulos previstos no item 7.1 do anexo à Resolução CNJ n. 81:

"PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO. CONCURSO. ATIVIDADE NOTARIAL E REGISTRAL. PROVA DE TÍTULOS. CUMULATIVIDADE DE PONTOS. DESPROPORCIONALIDADE. IMPROCEDÊNCIA.

1.  A impossibilidade de cumulação dos pontos relativos ao exercício da advocacia, de cargos privativos de bacharel em Direito, bem como pelo exercício da atividade notarial e de registros públicos está prevista expressamente no § 1º do item 7.1 da minuta de edital anexa à Resolução nº 81, de 2009.

2.  A possibilidade de cumulação dos pontos relativos a títulos oriundos do exercício de atividades auxiliares à Justiça, como o serviço eleitoral obrigatório ou a função de conciliador voluntário, subverte a valoração das competências estabelecida na Resolução nº 81, do CNJ e se mostra desproporcional na medida em que não podem ser cumulados os pontos relativos aos títulos decorrentes do exercício de atividades essenciais à Justiça, como a advocacia, a magistratura e o Ministério Público.

3. Pedido julgado improcedente, com revisão do entendimento que norteou a decisão do PCA nº 0002526-47.2012.2.00.0000 para vedar a cumulação de quaisquer dos títulos previstos no item 7.1 do anexo à Resolução nº 81, deste Conselho.

Trata-se de Procedimento de Controle Administrativo proposto por Sandro Alexander Ferreira em face do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

(…)

É  o Relatório. VOTO. (…)

É  que por ocasião do julgamento do Procedimento de Controle Administrativo nº 0002526-47.2012.2.00.0000, decidiu-se que a cumulação dos títulos relativos ao exercício das funções de conciliador voluntário e à prestação de serviços à Justiça Eleitoral era possível justamente pelo fato de, sobre ela, não incidir a vedação prevista no § 1º do item 7.1 da minuta de edital anexa à Resolução nº 81.

(…)

No ponto que interessa a este procedimento, acima grifado, o seguinte trecho da fundamentação é ainda mais esclarecedor:

Os §§ 1.º e 2.º do item 7 da minuta de edital anexa à Resolução 81/2009 vedam a contagem de pontuação de forma cumulativa apenas para os títulos indicados nos itens I e II e não fazem restrição no respeitante aos demais.

Veja-se (sem destaque no original):

7. TÍTULOS

7.1. O exame de títulos valerá, no máximo, 10 (dez) pontos, com peso 2 (dois), observado o seguinte:

I – exercício da advocacia ou de delegação, cargo, emprego ou função pública privativa de bacharel em Direito, por um mínimo de três anos até a data da primeira publicação do edital do concurso (2,0);

II – exercício de serviço notarial ou de registro, por não bacharel em direito, por um mínimo de dez anos até a data da publicação do primeiro edital do concurso (art. 15, § 2.º, da Lei n. 8.935/1994) (2,0)

III – exercício do Magistério Superior na área jurídica pelo período mínimo de 5 (cinco) anos:

a) mediante admissão no corpo docente por concurso ou processo seletivo público de provas e/ou títulos (1,5);

b) mediante admissão no corpo docente sem concurso ou processo seletivo público de provas e/ou títulos (1,0); IV – diplomas em Cursos de Pós-Graduação:

a) Doutorado reconhecido ou revalidado: em Direito ou em Ciências Sociais ou Humanas (1,0);

b) Mestrado reconhecido ou revalidado: em Direito ou em Ciências Sociais ou Humanas (0,75);

c) Especialização em Direito, na forma da legislação educacional em vigor, com carga horária mínima de trezentos e sessenta (360) horas-aula, cuja avaliação haja considerado monografia de final de curso (0,5);

VI – exercício, no mínimo durante 1 (um) ano, por ao menos 16 horas mensais, das atribuições de conciliador voluntário em unidades judiciárias, ou na prestação de assistência jurídica voluntária (0,5);

VII – Período igual a 3 (três) eleições, contado uma só vez, de serviço prestado, em qualquer condição, à Justiça Eleitoral (0,5). Nas eleições com dois turnos, considerar-se-á um único período, ainda que haja prestação de serviços em ambos.

§ 1.º As pontuações previstas nos itens I e II não poderão ser contadas de forma cumulativa.

§ 2.º Os títulos somarão no máximo dez pontos, desprezando-se a pontuação superior.

No que concerne ao exame dos títulos, percebe-se a intenção da norma de possibilitar que as pontuações previstas no item 7.1 da minuta anexa à Resolução 81/2009 sejam contadas de forma cumulativa, tanto que foi expressa ao indicar as exceções à regra de não cumulação.

Quando o Acórdão cita as exceções que não permitem a cumulação dos pontos referentes aos títulos, quer indicar exatamente as hipóteses de que cuidam as alíneas I e II do item 7.1 do anexo à Resolução nº 81, de 2009, ou seja, o exercício, por três anos, da advocacia ou de delegação, cargo, emprego ou função pública privativa de bacharel em Direito, ou a atuação no serviço notarial e de registros públicos pelo período de dez anos.

São justamente os pontos referentes a esses títulos, expressamente considerados pela minuta anexa à Resolução nº 81, de 2009, como inacumuláveis, que o requerente quer ver cumulados, o que evidenciaria a improcedência do pedido.

No entanto, entendo que as razões que apresenta para pleitear a possibilidade de cumulação dos pontos relativos aos títulos decorrentes do exercício da advocacia ou de cargo, emprego e função pública privativa de bacharel em Direito, bem como pelo exercício de serviço notarial e de registros públicos, merecem maior reflexão por parte deste Conselho.

O requerente pondera que o Conselho Nacional de Justiça permitiu a cumulação de pontos relativos a títulos que atestam o exercício, pelos candidatos, de atividades auxiliares à Justiça, como o serviço eleitoral e a atuação como conciliador voluntário, sendo necessário, com muito mais razão, que permita também a cumulação de pontos referentes a títulos ligados ao exercício de funções essenciais à Justiça, como a advocacia e até mesmo a própria magistratura ou a experiência como membro do Ministério Público.

Ao prever que, pelo exercício de tais atividades essenciais à Justiça, o candidato faria jus a 2 (dois) pontos, ao passo que, para o exercício de funções periféricas, como conciliador ou mesário de eleições, o candidato à delegação receberia 0,5 (meio) ponto, o anexo à Resolução nº 81, de 2009, deu a correta gradação ao que cada uma das referidas experiências representa em termos de atestado de competência.

É dizer, não se pode colocar em igualdade o candidato que possui três anos de exercício da advocacia, ou da própria magistratura, com aquele que participou como mesário de duas ou três eleições e tampouco com aquele que tem 1 (um) ano de experiência como conciliador. Ao permitir que estes últimos possam cumular ilimitadamente os pontos relativos aos títulos mencionados nas alíneas VI e VII do item 7.1 da minuta de edital anexa à Resolução nº 81, de 2009, a decisão deste Conselho subverte a intenção original do seu próprio normativo, gerando um resultado absolutamente desproporcional .

(…)

A diferença de complexidade e do nível de conhecimento necessário em uma e outra hipótese torna flagrante a falta de proporcionalidade do sistema, ou, como prefere, com mais rigor científico, Humberto Bergmann Ávila, tem-se, aqui, uma violação ao dever de equivalência inerente postulado da razoabilidade. (…).

(…)

No caso sub examine , há indisfarçável desequilíbrio entre a mensuração da experiência exigida dos candidatos que exerceram funções colaterais em relação a daqueles que possuem experiência como atores centrais do sistema de Justiça.

Assim, estou em que este Conselho tem dois caminhos possíveis para restabelecer a proporcionalidade da avaliação dos títulos nos concursos para atividade notarial e registral: a) veda a cumulação de todos os títulos listados no item 7.1 da Resolução nº 81, de 2009, restaurando a proporcionalidade indicada pela pontuação atribuída a cada título na própria norma, ou; b) permite a cumulação dos pontos atribuídos a todos os títulos já referidos .

A primeira opção parece ser aquela que melhor resguarda o princípio da segurança jurídica, porquanto mantém hígida a disciplina dada à matéria pela Resolução nº 81, de 2009 , e pelo Edital do LIII Concurso Público para outorga de delegações das atividades notariais e registrais do Estado do Rio de Janeiro.

Ante o exposto, julgo improcedente o pedido, ao tempo em que proponho a revisão do que foi decidido no PCA nº 0002526-47.2012.2.00.0000 para se fixar que são inacumuláveis os pontos relativos a todos os títulos listados no item 7.1 do anexo à Resolução nº 81, de 2009 . " (Procedimento de Controle Administrativo n. 0007782-68.2012.2.00.0000, Relator Cons. Jorge Hélio, 172ª Sessão, j. 27/6/2013) – Grifos inexistentes no original.

Diante da clareza do entendimento manifestado, não há falar sequer em "interpretação" da referida decisão Plenária. A questão, portanto, não passa por nenhuma das regras de hermenêutica, mas apenas e tão somente pela obrigatoriedade do seu exato cumprimento.

Não se desconhece que o Plenário do CNJ, nos julgamentos posteriores ao do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000, acabou por não aplicar ou estender esse entendimento aos demais concursos submetidos à sua apreciação – talvez em razão da própria mudança da composição do CNJ, ocorrida em agosto de 2013.

Vale dizer: o entendimento manifestado pelo Plenário do CNJ no PCA n. 7782-68 ficou restrito ao caso concreto em discussão, qual seja, o LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais do Estado do Rio de Janeiro.

Esse fato, embora possa explicar a insurgência dos Requerentes – insatisfeitos com o fato da prova de títulos desse concurso, em última análise, ser guiada por regras diversas das aplicáveis aos demais certames -, não justifica e nem autoriza a sua revisão, mais de 1 (um) ano depois, pelo próprio Plenário do CNJ.

Entendimento nesse sentido representaria admitir, na prática, uma espécie de "recurso tardio" ou "ação rescisória" no âmbito deste Conselho, a fim de que seja reanalisado pelo próprio órgão prolator da decisão, o que subverteria a lógica jurídica dos procedimentos administrativos submetidos ao CNJ, como também ofenderia a regra expressa no art. 4º, §1º, do Regimento Interno:

Art. 4º Ao Plenário do CNJ compete o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos magistrados, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, o seguinte:

(…)

§ 1º  Dos atos e decisões do Plenário não cabe recurso .

Mais. Eventual nova mudança nas regras da prova de títulos do presente concurso – mediante revisão do entendimento do Plenário no PCA n. 7782-68 -, decorrido prazo superior a um ano, representaria grave ofensa ao princípio da segurança jurídica.

Com efeito, não compete à atual composição discutir a correção ou não da decisão legitimamente adotada pelo órgão máximo deste Conselho no PCA n. 7782-68, mas apenas zelar pelo efetivo cumprimento da determinação, dirigida ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, para vedar, no concurso em tela, a cumulação de quaisquer dos títulos previstos no item 7.1 do anexo à Resolução CNJ n. 81.

Nessa linha, não merece reparo o ato da Comissão desse Concurso que, na convocação para a prova de títulos, aplicou corretamente o entendimento firmado pelo Conselho Nacional de Justiça ao estabelecer:

" AVISO TJ Nº 56/2014

CONVOCAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DOS TÍTULOS

(…)

I – CONVOCAR os candidatos habilitados nas Provas Orais, pelos critérios de Admissão e de Remoção, para a entrega dos Títulos a que se refere o Capítulo 16 do Edital do concurso (Do Exame de Títulos), devendo tais candidatos observar o disposto no Capítulo 17 do Edital, na Resolução nº 01/2012 e na Ata da 20ª Reunião da Comissão do Concurso, itens V a XI, publicadas, respectivamente, no Diário da Justiça Eletrônico de 25/05/2012 e 13/06/2014.

(…)

VI – LEMBRAR aos candidatos que a contagem de pontos relativos aos Títulos observará a r. decisão proferida pelo Conselho Nacional de Justiça no julgamento do processo n° 0007782-68.2012.2.00.0000, que vedou a cumulação de pontos de quaisquer dos Títulos previstos no item 7.1 do anexo à Resolução CNJ nº 81/2009 ." (Grifo inexistente no original)

Nesse sentido, parece-nos pouco relevante discutir as possíveis interpretações que o teor do Edital publicado pelo TJRJ em 11 de julho de 2013 poderia ensejar, até porque, simultaneamente à sua divulgação, foi publicado o Aviso TJ n. 62/2013, que esclareceu a razão da retificação das cláusulas do Edital e transcreveu na íntegra a Ementa do julgado no PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000.

O essencial, repita-se, é que, ao convocar os candidatos para a prova de títulos, o Tribunal requerido deu efetivo e correto cumprimento à decisão plenária do CNJ.

Registre-se, de outro lado, que não há falar em violação à regra estabelecida pela Resolução CNJ n. 187. O próprio Plenário do CNJ, ao editar essa Resolução, modulou os seus efeitos para determinar a sua aplicação apenas aos concursos que ainda não tinham realizado provas.

A esse respeito, vale transcrever a conclusão do voto proferido pelo Conselheiro Emmanoel Campelo de Souza Pereira no PP n. 0003207-80.2013.2.00.0000, ensejador da mencionada Resolução:

Ante o exposto, julga-se parcialmente procedente o pedido formulado no presente Pedido de Providências, para modificar o texto da Resolução nº 81 do CNJ, na forma da minuta anexa, aplicando-se as regras alteradas aos concursos que, mesmo com edital já publicado, ainda não realizaram qualquer prova . (CNJ – PP n. 0003207-80.2013.2.00.0000, Cons. Relator Emmanoel Campelo de Souza Pereira, j. 11.2.2014) – grifos inexistentes no original.

Assim, como a prova objetiva do concurso em tela foi realizada em agosto de 2012 e a prova escrita e prática em outubro de 2012, não resta dúvida de que as regras da Resolução CNJ n. 187 não são aplicáveis a este certame.

Registre-se, por fim, que eventual interpretação diversa e superveniente pelo STF, em análise de caso concreto diverso, também não autoriza este Conselho a revisitar e revisar todos os casos julgados anteriormente sobre o tema. E, pelo que se extrai, não há nenhuma decisão da Suprema Corte que tenha invalidado ou alterado o conteúdo do julgamento proferido no PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000.

Ante o exposto,  julgo improcedentes os pedidos.

É como voto.

Após as comunicações de praxe, ao arquivo.

Brasília, 30 de setembro de 2014.

RUBENS CURADO SILVEIRA

Conselheiro

PROCEDIMENTOS DE CONTROLE ADMINISTRATIVO E PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS. LIII CONCURSO PÚBLICO DE PROVAS E TÍTULOS PARA OUTORGA DAS DELEGAÇÕES DAS ATIVIDADES NOTARIAIS E/OU REGISTRAIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. CUMULAÇÃO DE TÍTULOS. IMPOSSIBILIDADE. DECISÃO ANTERIOR DO PLENÁRIO DO CNJ REFERENTE AO MESMO CERTAME.

I – O Plenário do Conselho Nacional de Justiça, em decisão unânime exarada nos autos do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000, de 27 de junho de 2013, decidiu pela impossibilidade de cumulação de todos os títulos listados no item 7.1 do anexo à Resolução CNJ n. 81 no LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais do Estado do Rio de Janeiro.

II – O fato desse entendimento ter ficado restrito ao caso em concreto – sem extensão aos demais concursos submetidos à apreciação deste Conselho – não justifica nem autoriza a sua reanálise, mais de 1 ano depois, pelo próprio órgão prolator, o que representaria, na prática, admitir uma espécie de "recurso tardio" ou "ação rescisória" no âmbito deste Conselho, subvertendo a lógica jurídica dos procedimentos administrativos submetidos ao CNJ, em ofensa ao princípio da segurança jurídica e à regra expressa no art. 4º, §1º, do Regimento Interno desta Casa.

III – Não compete à atual composição discutir a correção ou não da decisão legitimamente adotada pelo órgão máximo deste Conselho, mas apenas zelar pelo efetivo cumprimento da determinação dirigida ao tribunal requerido.

IV – Inexistindo decisão da Suprema Corte que tenha invalidado ou alterado o conteúdo do julgamento proferido, não merece reparo o ato da Comissão de Concurso que, na convocação para a prova de títulos, aplicou corretamente o entendimento firmado pelo Conselho Nacional de Justiça.

V – Pedidos julgados improcedentes.

ACÓRDÃO

O Conselho, por unanimidade, julgou improcedente o pedido, nos termos do voto do Relator. Declarou suspeição a Conselheira Ana Maria. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Saulo Bahia. Presidiu o julgamento o Conselheiro Ricardo Lewandowski. Plenário, 4 de novembro de 2014. Presentes à sessão os Excelentíssimos Senhores Conselheiros Ricardo Lewandowski, Nancy Andrighi, Maria Cristina Peduzzi, Ana Maria Duarte Amarante Brito, Guilherme Calmon, Flavio Sirangelo, Deborah Ciocci, Rubens Curado Silveira, Luiza Cristina Frischeisen, Gilberto Martins, Paulo Teixeira, Gisela Gondin Ramos, Emmanoel Campelo e Fabiano Silveira.

Autos: PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS – 0004166-17.2014.2.00.0000

Requerente: MARIA APARECIDA ALVES DE MELO MIRANDA

Requerido: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ

RELATÓRIO

Cuidam  os  autos  dos Procedimentos  de  Controle  Administrativo  n.  0003886-46.2014.2.00.0000,  0004385-30.2014.2.00.0000  e 0004434-71.2014.2.00.0000 e de Pedido de Providências n. 0004166-17.2014.2.00.0000 , instaurados por BENJAMIN MEDEIROS DA SILVA e OUTROS em face do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ . Os procedimentos foram reunidos para julgamento por guardarem identidade entre si.

I – PCA n. 0003886-46.2014.2.00.0000

Trata-se de Procedimento de Controle Administrativo instaurado por BENJAMIN MEDEIROS DA SILVA, NETHÂNYA SINYA SANTOS CAVALCANTE, RICARDO LUIZ DE LIMA TRINDADE, RICARDO RAGE FERRO, RODRIGO FARIAS BORGES e YGOR RAMOS CUNHA PINHEIRO em face do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ , por meio do qual pretendem, em síntese, que o CNJ determine àquele Tribunal que promova o correto cumprimento do decidido pelo Plenário deste Conselho no PCA n. 0007782-68.2.2012.00.0000.

Narram, em síntese, que:

a) o edital do LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais do Estado do Rio de Janeiro, publicado em 27 de abril de 2012, estava em consonância com a Resolução CNJ n. 81 e admitia a cumulação de títulos nas mesmas rubricas em atividades de pós-graduação e de magistério;

b) em 19 de agosto de 2012 foi aplicada a prova objetiva, em 21 de outubro de 2012 a prova escrita e prática e, no período de 19 a 30 de maio de 2014, a prova oral;

c)  em 11 de junho de 2014, a Comissão do Concurso publicou a Ata de sua 20ª Reunião, na qual esclarecia as novas regras a serem aplicadas ao exame de títulos, vedando a cumulação de quaisquer deles, haja vista a decisão do CNJ no julgamento do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000;

d) a postura adotada pelo TJRJ violaria a interpretação autêntica conferida pelo Pleno do CNJ ao PCA n. 0007782-68.2.2012.00.0000, realizada por ocasião do julgamento do PCA n. 0004294-71.2013.2.00.0000, a regra de transição para concursos em andamento, bem como o entendimento do Pleno do Supremo Tribunal Federal;

e)  o CNJ, por ocasião do julgamento do PCA n. 0004294-71.2013.2.00.0000, relativamente ao concurso realizado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, teria entendido que a matéria discutida no PCA n. 0007782-68.2.2012.00.0000 se restringia à impossibilidade de cumulação dos pontos referentes às atividades de conciliador voluntário, de assistência jurídica voluntária e de prestação de serviços à Justiça Eleitoral, não tendo havido " nenhuma menção aos títulos correspondentes ao exercício do magistério superior na área jurídica ou aos diplomas em cursos de pós-graduação (incisos III e IV do item 7.1 da minuta padrão)"; e

f) a interpretação equivocada da Comissão do Concurso estaria desobedecendo o decidido no PCA n. 0007782-68.2.2012.00.0000 e violando o princípio da segurança jurídica.

Diante disso, pleiteiam, em sede liminar, que o CNJ determine ao TJRJ que " publique convocação complementar para apresentação dos títulos de pós-graduação e de magistério (incisos III e IV do item 16.3 do edital) eventualmente não apresentados (por conta da equivocada limitação constante no Aviso nº 56/2014 nestes 02 incisos), mantendo, no entanto, o termo final de 15/07/2014 como data limite para obtenção do título possível de ser utilizado para pontuação neste concurso (preservando a segurança jurídica e legítima expectativa – item 10 acima), bem como que se abstenha de publicar o resultado do exame dos títulos , até que seja decidido o presente PCA".

No mérito, requerem que o CNJ reconheça ser "equivocada interpretação dado pelo TJERJ ao PCA nº 0007782-68.2012.2.00.0000 ou, ainda assim não entendido, a superação do mesmo pelo próprio Pleno do CNJ, no sentido de determinar o cômputo dos títulos de acordo com a publicação originária do edital do certame (possibilitando a cumulação de títulos de pós-graduação e de atividades de magistério – vedada a cumulação para atividades de eleição, de conciliação e de assistência jurídica voluntária) ".

Os autos foram livremente distribuídos à eminente Conselheira Luiza Frischeisen e vieram-me conclusos para consulta de eventual prevenção em razão do PCA n. 0003816-29.2014.2.00.0000, sob minha relatoria.

Aceitei a prevenção indicada, indeferi o pedido de liminar formulado e determinei a intimação do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro para, no prazo regimental, manifestar-se sobre o requerimento inicial (ID n. 1472881).

O TJRJ se manifestou por meio dos documentos identificados sob o código ID n. 1476352, 1476358 e 1476360.

Em seguida, oportunizei a réplica (ID n. 1477456), admiti terceiros interessados no feito e concedi aos Requerentes o prazo de 5 (cinco) dias para, querendo, se manifestarem sobre as alegações dos terceiros interessados (ID n. 1505831).

Reiterado o pedido de medida urgente pelo Requerente Ricardo Rage Ferro, oportunidade em que mantive íntegra a decisão que indeferiu a liminar, pelos seus próprios fundamentos. Na oportunidade, admiti terceiro interessado no feito (ID n. 1530608).

II – PP n. 0004166-17.2014.2.00.0000

Trata-se de Pedido de Providências instaurado por MARIA APARECIDA ALVES DE MELO MIRANDA em face do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ , por meio do qual se insurge contra a sistemática adotada pelo Tribunal requerido para cômputo dos títulos dos candidatos no LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais.

Alega, em síntese, que:

a) é candidata aprovada na etapa oral do referido certame e aguarda a realização da fase de títulos;

b) os limites instituídos pela Resolução CNJ n. 187 somente se aplicam aos concursos que, mesmo com edital já publicado, ainda não realizaram qualquer prova;

c) "não houve nenhuma menção aos títulos correspondentes aos diplomas de pós-graduação (inciso IV do item 7.1) no julgamento do PCA nº 0007782-68.2012.2.00.0000"; e

d) existe grave equívoco no entendimento adotado pela Comissão do Concurso no sentido de que "está rigorosamente vinculada a decisão do CNJ proferida no julgamento do PCA n° 0007782-68.2012.2.00.0000 que veda a cumulação de quaisquer títulos previstos do item 7.1 no anexo da Resolução 81 deste Conselho".

Diante disso, requer a concessão de medida liminar para determinar " que as regras das provas de títulos sigam estritamente a (sic) o item 7.1, IV da Resolução n° 81 do CNJ, com a cumulação dos títulos de pós graduação, sem limitação " (grifo no original). No mérito, requer a confirmação da liminar.

A Relatora sorteada, Conselheira Deborah Ciocci, encaminhou-me os autos para apreciação de eventual prevenção em razão dos Procedimentos de Controle Administrativo n. 0003816-29.2014.2.00.0000 e 0003886-46.2014.2.00.0000, ambos sob minha relatoria (ID n. 1474476).

Aceitei a prevenção indicada, indeferi o pedido de liminar formulado e determinei a intimação do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro para, no prazo regimental, manifestar-se sobre o requerimento inicial (ID n. 1475685).

O TJRJ se manifestou por meio dos documentos identificados sob o código ID n. 1482625 a 1482629.

Em seguida, oportunizei a réplica, admiti terceiros interessados no feito e concedi aos Requerentes o prazo de 5 (cinco) dias para, querendo, se manifestarem sobre as alegações dos terceiros interessados (ID n. 1477439).

Em razão de pedido de reconsideração, mantive íntegra a decisão que indeferiu o pedido de liminar, pelos seus próprios fundamentos. Na oportunidade, admiti terceiro interessado no feito (ID n. 1509189).

III – PCA n. 0004385-30.2014.2.00.0000

Trata-se de Procedimento de Controle Administrativo apresentado por EMIL JACQUES SPPEZAPRIA CARDOSO em face do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ , por meio do qual impugna o método de cálculo de pontos na prova de títulos adotado no LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga de Delegações de Serviços Notariais e/ou Registrais daquele Estado.

Narra, em síntese, que:

a) há cerca de um ano, a Comissão do Concurso, interpretando a decisão exarada nos autos do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000, teria alterado o Edital do Concurso em epígrafe, sem, contudo, limitar a cumulação de títulos de pós-graduação e magistério;

b) ao convocar os candidatos para a apresentação de títulos, teria conferido nova interpretação à referida Decisão, desta vez de forma equivocada;

e

c) o Conselho Nacional de Justiça já teria assentado em algumas oportunidades que o julgamento do procedimento retro não vedou a referida cumulação, a exemplo do decidido no PCA n. 0004294-71.2013.2.00.0000.

Pelo exposto, requer, liminar e definitivamente, "a cumulação dos títulos de pós graduação e magistério, no Concurso de Outorga de Delegações de Notas e de Registro do TJRJ" e "a convocação suplementar para entrega dos títulos que foram erroneamente vedados pela Comissão, quando da primeira convocação".

Os autos foram livremente distribuídos à eminente Conselheira Gisela Gondin Ramos e vieram conclusos ao meu Gabinete para consulta de eventual prevenção em razão do PCA n. 0003886-46.2014.2.00.0000 e do Pedido de Providências n. 0004166-17.2014.2.00.0000, ambos sob minha relatoria (ID n. 1482869).

A eminente Conselheira Luiza Frischeisen, em substituição a este Relator (art. 24, inciso I, do RICNJ), indeferiu o pedido liminar e determinou a intimação do TJRJ para manifestar-se sobre o requerimento inicial (ID n. 1488654).

O TJRJ se manifestou por meio dos documentos identificados sob o código ID n. 1491927.

Em seguida, oportunizei a réplica, admiti terceiro interessado no feito e concedi aos Requerentes o prazo de 5 (cinco) dias para, querendo, se manifestarem sobre as alegações do terceiro interessado (ID n. 1494222).

Em réplica, o Requerente alegou que (ID n. 1514103):

i) não há falar em coisa julgada administrativa em razão do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000;

ii) o entendimento firmado no PCA citado fora suplantado pelo que restou decidido no PCA n. 0003207-80.2013.2.00.0000, o qual "modulou os efeitos da Resolução 187 e continuou permitindo a cumulação ilimitada de títulos para concursos pregressos, em andamento e com prova realizadas"; e

iii) " aos exatos 12 dias do mês de agosto corrente , foi publicada decisão do STF que, mais uma vez, decidiu pela cumulação dos títulos, em clara manifestação de apoio ao princípio da segurança jurídica. Trata-se do MS 32.941/DF (segue em anexo) , sob relatoria do Ministro Marco Aurélio […]" (grifos no original).

IV – PCA n. 0004434-71.2014.2.00.0000

Trata-se de Procedimento de Controle Administrativo apresentado por FABIO SEABRA DE OLIVEIRA em face do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ , por meio do qual se insurge contra a sistemática adotada pelo Tribunal requerido para cômputo dos títulos dos candidatos no LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais.

Narra, em síntese, que:

a) o concurso público teve início há mais de dois anos, com a publicação do edital de 27 de abril de 2012;

b)  à época, estavam em andamento concursos de outros estados com idêntico regramento, em obediência à Resolução CNJ n. 81, a saber: Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco, Rondônia, Santa Catarina e Rio Grande do Norte;

c) em todos os concursos citados, contemporâneos ao do Rio de Janeiro, admitiu-se a cumulação de títulos relativos ao exercício do Magistério Superior na área jurídica e aos diplomas em cursos de pós-graduação;

d)  alguns destes concursos, notadamente São Paulo e Minas Gerais, já se encontram concluídos, com candidatos em exercício nas suas delegações há mais de ano;

e) por força da decisão exarada no PCA n. 0003713-22.2014.2.00.0000, concursos simultâneos devem ser regidos por idênticas regras; e

f) o efeito da alteração imposta ao certame em razão do decidido no PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000 é "o de ignorar a previsão contida na

Resolução n.81/2009-CNJ, que atribui peso dois ao exame de títulos", haja vista que, não "sendo possível atingir a mesma pontuação máxima (dez pontos) das provas escrita e oral, ter-se-ia um exame de títulos cujo peso não seria igual a dois, mas bem inferior".

Pelo exposto, requer, em caráter liminar, a determinação para que o Requerido "não publique o resultado da fase dos títulos enquanto não decidido o mérito desse PCA".

No mérito, pugna para que se determine " a contagem cumulativa , prevista no Edital e na redação originária da Resolução n. 81/2009-CNJ, do Magistério Superior na área jurídica bem como dos Diplomas de Pós-graduação em Direito".

Os autos foram livremente distribuídos à eminente Conselheira Gisela Gondin Ramos e vieram conclusos ao meu Gabinete para consulta de eventual prevenção em razão do PCA n. 0003886-46.2014.2.00.0000 e do Pedido de Providências n. 0004166-17.2014.2.00.0000, ambos sob minha relatoria (ID n. 1485023).

A eminente Conselheira Luiza Frischeisen, em substituição a este Relator (art. 24, inciso I, do RICNJ), indeferiu o pedido liminar e determinou a intimação do TJRJ para manifestar-se sobre o requerimento inicial (ID n. 1487641).

A Corte requerida prestou informações, conforme documentos identificados sob o ID n. 1491976 e 1491977.

O candidato Carlos Augusto Macedo Silva requereu sua admissão como terceiro interessado e a total improcedência dos pedidos formulados (ID n. 1492395).

Considerando que, conforme previsão regimental, a eminente Conselheira Luiza Frischeisen apreciou tão somente a medida de urgência, aceitei a prevenção indicada pela Conselheira originalmente sorteada. Na oportunidade, admiti CARLOS AUGUSTO MACEDO SILVA como terceiro interessado, e concedi vista no prazo de cinco dias ao requerente das informações prestadas pelo Tribunal e pelo terceiro interessado (ID n. 1495955).

Em réplica, o Requerente aduziu que (ID n. 1503259):

i) o Edital somente fora alterado quanto às rubricas de eleição, conciliação e assistência judiciária voluntária, e a decisão considerada cumprida pelo Tribunal somente o foi após dita adequação;

ii) se houve uma decisão que fez coisa julgada administrativa, foi a tomada no PCA n. 0002526-47.2012.2.00.0000, em que se permitiu a cumulação de todos os títulos, e foi proposto respeitando-se o prazo previsto na Resolução CNJ n. 81; e

iii) o Tribunal se equivoca ao invocar a interpretação do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000, pois o entendimento já foi sedimentado em sentido oposto no PCA n. 0004294-71.2013.2.00.0000, quando de seu julgamento plenário.

Encerrei a instrução do feito em 15 de agosto de 2014 (ID n. 1504679).

É o relatório.

Autos: PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS – 0004166-17.2014.2.00.0000

Requerente: MARIA APARECIDA ALVES DE MELO MIRANDA

Requerido: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ

VOTO

Conforme relatado, os Requerentes se insurgem contra a sistemática adotada pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro para cômputo dos títulos dos candidatos no LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais.

Sustentam, em síntese, que:

a)  o Edital do Concurso em epígrafe foi lançado há mais de dois anos, em consonância com a Resolução CNJ n. 81, admitindo, portanto, a cumulação de títulos nas mesmas rubricas em atividades de pós-graduação e de magistério;

b) há cerca de um ano, a Comissão do Concurso, interpretando a Decisão exarada pelo CNJ nos autos do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000, alterou o referido Edital, sem, contudo, limitar a cumulação de títulos de pós-graduação e magistério;

c) ao convocar os candidatos para a apresentação de títulos, a Comissão do Concurso teria conferido nova interpretação à referida Decisão, vedando a cumulação de quaisquer deles; 

d) existiria equívoco no entendimento adotado pela referida Comissão, haja vista que o CNJ já teria assentado que o julgamento do procedimento retro não vedou a referida cumulação; e

e) tal postura também violaria a regra de transição para concursos em andamento instituída pela Resolução CNJ n. 187, o entendimento do Pleno do Supremo Tribunal Federal, bem como o princípio da segurança jurídica.

Como visto, trata-se da vetusta discussão acerca da acumulação ou não dos títulos no certame em tela, tema controvertido desde a edição da Resolução CNJ n. 81 e que importou, inclusive, em oscilações jurisprudenciais no âmbito do próprio Conselho.

O que causa espécie, no caso em tela, é o fato de ser esta a terceira oportunidade em que o Plenário do CNJ analisa, especificamente, a possiblidade ou não de cumulação de títulos no LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais do Estado do Rio de Janeiro.

O tema foi inicialmente discutido nos autos do PCA n. 0002526-47.2012.2.00.0000, quando o Plenário do CNJ concluiu pela possibilidade de cumulação dos títulos mencionados nos incisos V e VI do item 7.1 da minuta de edital contida na Resolução CNJ n. 81 (atribuições de conciliador voluntário e serviço prestado à Justiça Eleitoral), sob o seguinte argumento:

"(…)

No que concerne ao exame dos títulos, percebe-se a intenção da norma de possibilitar que as pontuações previstas no item 7.1 da minuta anexa à Resolução 81/2009 sejam contadas de forma cumulativa, tanto que foi expressa ao indicar as exceções à regra de não cumulação .

Por isso, não é facultado à comissão do concurso acrescer ao texto original o valor máximo de pontos para os itens V e VI, da cláusula 16.3 do edital do concurso (correspondentes aos itens VI e VII da cláusula 7.1 da minuta de edital anexa à resolução), a fim de obstar a contagem acumulada das pontuações definidas para uma mesma categoria. Isso contrariaria o propósito da norma para a prova de títulos, qual seja, o de aferir o grau de qualificação técnica e profissional dos candidatos suficientes para o exercício das atividades notariais e registrais." (Procedimento de Controle Administrativo n. 0002526-47.2012.2.00.0000, Relator Cons. Wellington Saraiva, 157ª Sessão, j. 23/10/2012) (Grifo inexistente no original)

A possibilidade de cumulação de títulos no concurso do RJ foi novamente discutida nos autos do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000, oportunidade em que o Plenário deste Conselho, em 27 de junho de 2013 , reviu o entendimento anterior para estabelecer, clara e expressamente , que " são inacumuláveis os pontos relativos a todos os títulos listados no item 7.1 do anexo à Resolução nº 81, de 2009 " .

Com efeito, basta a leitura da Ementa e dos principais trechos da referida decisão para que não reste margem de dúvida de que o Plenário do CNJ, especificamente para o concurso em tela, vedou a cumulação de quaisquer dos títulos previstos no item 7.1 do anexo à Resolução CNJ n. 81:

" PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO. CONCURSO. ATIVIDADE NOTARIAL E REGISTRAL. PROVA DE TÍTULOS. CUMULATIVIDADE DE PONTOS. DESPROPORCIONALIDADE. IMPROCEDÊNCIA.

1.  A impossibilidade de cumulação dos pontos relativos ao exercício da advocacia, de cargos privativos de bacharel em Direito, bem como pelo exercício da atividade notarial e de registros públicos está prevista expressamente no § 1º do item 7.1 da minuta de edital anexa à Resolução nº 81, de 2009.

2.  A possibilidade de cumulação dos pontos relativos a títulos oriundos do exercício de atividades auxiliares à Justiça, como o serviço eleitoral obrigatório ou a função de conciliador voluntário, subverte a valoração das competências estabelecida na Resolução nº 81, do CNJ e se mostra desproporcional na medida em que não podem ser cumulados os pontos relativos aos títulos decorrentes do exercício de atividades essenciais à Justiça, como a advocacia, a magistratura e o Ministério Público.

3. Pedido julgado improcedente, com revisão do entendimento que norteou a decisão do PCA nº 0002526-47.2012.2.00.0000 para vedar a cumulação de quaisquer dos títulos previstos no item 7.1 do anexo à Resolução nº 81, deste Conselho.

Trata-se de Procedimento de Controle Administrativo proposto por Sandro Alexander Ferreira em face do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

(…)

É  o Relatório. VOTO. (…)

É  que por ocasião do julgamento do Procedimento de Controle Administrativo nº 0002526-47.2012.2.00.0000, decidiu-se que a cumulação dos títulos relativos ao exercício das funções de conciliador voluntário e à prestação de serviços à Justiça Eleitoral era possível justamente pelo fato de, sobre ela, não incidir a vedação prevista no § 1º do item 7.1 da minuta de edital anexa à Resolução nº 81.

(…)

No ponto que interessa a este procedimento, acima grifado, o seguinte trecho da fundamentação é ainda mais esclarecedor:

Os §§ 1.º e 2.º do item 7 da minuta de edital anexa à Resolução 81/2009 vedam a contagem de pontuação de forma cumulativa apenas para os títulos indicados nos itens I e II e não fazem restrição no respeitante aos demais.

Veja-se (sem destaque no original):

7. TÍTULOS

7.1. O exame de títulos valerá, no máximo, 10 (dez) pontos, com peso 2 (dois), observado o seguinte:

I – exercício da advocacia ou de delegação, cargo, emprego ou função pública privativa de bacharel em Direito, por um mínimo de três anos até a data da primeira publicação do edital do concurso (2,0);

II – exercício de serviço notarial ou de registro, por não bacharel em direito, por um mínimo de dez anos até a data da publicação do primeiro edital do concurso (art. 15, § 2.º, da Lei n. 8.935/1994) (2,0)

III – exercício do Magistério Superior na área jurídica pelo período mínimo de 5 (cinco) anos:

a) mediante admissão no corpo docente por concurso ou processo seletivo público de provas e/ou títulos (1,5);

b) mediante admissão no corpo docente sem concurso ou processo seletivo público de provas e/ou títulos (1,0); IV – diplomas em Cursos de Pós-Graduação:

a) Doutorado reconhecido ou revalidado: em Direito ou em Ciências Sociais ou Humanas (1,0);

b) Mestrado reconhecido ou revalidado: em Direito ou em Ciências Sociais ou Humanas (0,75);

c) Especialização em Direito, na forma da legislação educacional em vigor, com carga horária mínima de trezentos e sessenta (360) horas-aula, cuja avaliação haja considerado monografia de final de curso (0,5);

VI – exercício, no mínimo durante 1 (um) ano, por ao menos 16 horas mensais, das atribuições de conciliador voluntário em unidades judiciárias, ou na prestação de assistência jurídica voluntária (0,5);

VII – Período igual a 3 (três) eleições, contado uma só vez, de serviço prestado, em qualquer condição, à Justiça Eleitoral (0,5). Nas eleições com dois turnos, considerar-se-á um único período, ainda que haja prestação de serviços em ambos.

§ 1.º As pontuações previstas nos itens I e II não poderão ser contadas de forma cumulativa.

§ 2.º Os títulos somarão no máximo dez pontos, desprezando-se a pontuação superior.

No que concerne ao exame dos títulos, percebe-se a intenção da norma de possibilitar que as pontuações previstas no item 7.1 da minuta anexa à Resolução 81/2009 sejam contadas de forma cumulativa, tanto que foi expressa ao indicar as exceções à regra de não cumulação.

Quando o Acórdão cita as exceções que não permitem a cumulação dos pontos referentes aos títulos, quer indicar exatamente as hipóteses de que cuidam as alíneas I e II do item 7.1 do anexo à Resolução nº 81, de 2009, ou seja, o exercício, por três anos, da advocacia ou de delegação, cargo, emprego ou função pública privativa de bacharel em Direito, ou a atuação no serviço notarial e de registros públicos pelo período de dez anos.

São justamente os pontos referentes a esses títulos, expressamente considerados pela minuta anexa à Resolução nº 81, de 2009, como inacumuláveis, que o requerente quer ver cumulados, o que evidenciaria a improcedência do pedido.

No entanto, entendo que as razões que apresenta para pleitear a possibilidade de cumulação dos pontos relativos aos títulos decorrentes do exercício da advocacia ou de cargo, emprego e função pública privativa de bacharel em Direito, bem como pelo exercício de serviço notarial e de registros públicos, merecem maior reflexão por parte deste Conselho .

O requerente pondera que o Conselho Nacional de Justiça permitiu a cumulação de pontos relativos a títulos que atestam o exercício, pelos candidatos, de atividades auxiliares à Justiça, como o serviço eleitoral e a atuação como conciliador voluntário, sendo necessário, com muito mais razão, que permita também a cumulação de pontos referentes a títulos ligados ao exercício de funções essenciais à Justiça, como a advocacia e até mesmo a própria magistratura ou a experiência como membro do Ministério Público .

Ao prever que, pelo exercício de tais atividades essenciais à Justiça, o candidato faria jus a 2 (dois) pontos, ao passo que, para o exercício de funções periféricas, como conciliador ou mesário de eleições, o candidato à delegação receberia 0,5 (meio) ponto, o anexo à Resolução nº 81, de 2009, deu a correta gradação ao que cada uma das referidas experiências representa em termos de atestado de competência.

É dizer, não se pode colocar em igualdade o candidato que possui três anos de exercício da advocacia, ou da própria magistratura, com aquele que participou como mesário de duas ou três eleições e tampouco com aquele que tem 1 (um) ano de experiência como conciliador. Ao permitir que estes últimos possam cumular ilimitadamente os pontos relativos aos títulos mencionados nas alíneas VI e VII do item 7.1 da minuta de edital anexa à Resolução nº 81, de 2009, a decisão deste Conselho subverte a intenção original do seu próprio normativo, gerando um resultado absolutamente desproporcional .

(…)

A diferença de complexidade e do nível de conhecimento necessário em uma e outra hipótese torna flagrante a falta de proporcionalidade do sistema, ou, como prefere, com mais rigor científico, Humberto Bergmann Ávila, tem-se, aqui, uma violação ao dever de equivalência inerente postulado da razoabilidade. (…).

(…)

No caso sub examine , há indisfarçável desequilíbrio entre a mensuração da experiência exigida dos candidatos que exerceram funções colaterais em relação a daqueles que possuem experiência como atores centrais do sistema de Justiça.

Assim, estou em que este Conselho tem dois caminhos possíveis para restabelecer a proporcionalidade da avaliação dos títulos nos concursos para atividade notarial e registral: a) veda a cumulação de todos os títulos listados no item 7.1 da Resolução nº 81, de 2009, restaurando a proporcionalidade indicada pela pontuação atribuída a cada título na própria norma, ou; b) permite a cumulação dos pontos atribuídos a todos os títulos já referidos.

A primeira opção parece ser aquela que melhor resguarda o princípio da segurança jurídica, porquanto mantém hígida a disciplina dada à matéria pela Resolução nº 81, de 2009 , e pelo Edital do LIII Concurso Público para outorga de delegações das atividades notariais e registrais do Estado do Rio de Janeiro.

Ante o exposto, julgo improcedente o pedido, ao tempo em que proponho a revisão do que foi decidido no PCA nº 0002526-47.2012.2.00.0000 para se fixar que são inacumuláveis os pontos relativos a todos os títulos listados no item 7.1 do anexo à Resolução nº 81, de 2009 . " (Procedimento de Controle Administrativo n. 0007782-68.2012.2.00.0000, Relator Cons. Jorge Hélio, 172ª Sessão, j. 27/6/2013) – Grifos inexistentes no original.

Diante da clareza do entendimento manifestado, não há falar sequer em "interpretação" da referida decisão Plenária. A questão, portanto, não passa por nenhuma das regras de hermenêutica, mas apenas e tão somente pela obrigatoriedade do seu exato cumprimento.

Não se desconhece que o Plenário do CNJ, nos julgamentos posteriores ao do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000, acabou por não aplicar ou estender esse entendimento aos demais concursos submetidos à sua apreciação – talvez em razão da própria mudança da composição do CNJ, ocorrida em agosto de 2013.

Vale dizer: o entendimento manifestado pelo Plenário do CNJ no PCA n. 7782-68 ficou restrito ao caso concreto em discussão, qual seja, o LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais do Estado do Rio de Janeiro.

Esse fato, embora possa explicar a insurgência dos Requerentes – insatisfeitos com o fato da prova de títulos desse concurso, em última análise, ser guiada por regras diversas das aplicáveis aos demais certames -, não justifica e nem autoriza a sua revisão, mais de 1 (um) ano depois, pelo próprio Plenário do CNJ.

Entendimento nesse sentido representaria admitir, na prática, uma espécie de "recurso tardio" ou "ação rescisória" no âmbito deste Conselho, a fim de que seja reanalisado pelo próprio órgão prolator da decisão, o que subverteria a lógica jurídica dos procedimentos administrativos submetidos ao CNJ, como também ofenderia a regra expressa no art. 4º, §1º, do Regimento Interno:

Art. 4º Ao Plenário do CNJ compete o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos magistrados, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, o seguinte:

(…)

§ 1º  Dos atos e decisões do Plenário não cabe recurso .

Mais. Eventual nova mudança nas regras da prova de títulos do presente concurso – mediante revisão do entendimento do Plenário no PCA n. 7782-68 -, decorrido prazo superior a um ano, representaria grave ofensa ao princípio da segurança jurídica.

Com efeito, não compete à atual composição discutir a correção ou não da decisão legitimamente adotada pelo órgão máximo deste Conselho no PCA n. 7782-68, mas apenas zelar pelo efetivo cumprimento da determinação, dirigida ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, para vedar, no concurso em tela, a cumulação de quaisquer dos títulos previstos no item 7.1 do anexo à Resolução CNJ n. 81.

Nessa linha, não merece reparo o ato da Comissão desse Concurso que, na convocação para a prova de títulos, aplicou corretamente o entendimento firmado pelo Conselho Nacional de Justiça ao estabelecer:

" AVISO TJ Nº 56/2014

CONVOCAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DOS TÍTULOS

(…)

I – CONVOCAR os candidatos habilitados nas Provas Orais, pelos critérios de Admissão e de Remoção, para a entrega dos Títulos a que se refere o Capítulo 16 do Edital do concurso (Do Exame de Títulos), devendo tais candidatos observar o disposto no Capítulo 17 do Edital, na Resolução nº 01/2012 e na Ata da 20ª Reunião da Comissão do Concurso, itens V a XI, publicadas, respectivamente, no Diário da Justiça Eletrônico de 25/05/2012 e 13/06/2014.

(…)

VI – LEMBRAR aos candidatos que a contagem de pontos relativos aos Títulos observará a r. decisão proferida pelo Conselho Nacional de Justiça no julgamento do processo n° 0007782-68.2012.2.00.0000, que vedou a cumulação de pontos de quaisquer dos Títulos previstos no item 7.1 do anexo à Resolução CNJ nº 81/2009 ." (Grifo inexistente no original)

Nesse sentido, parece-nos pouco relevante discutir as possíveis interpretações que o teor do Edital publicado pelo TJRJ em 11 de julho de 2013 poderia ensejar, até porque, simultaneamente à sua divulgação, foi publicado o Aviso TJ n. 62/2013, que esclareceu a razão da retificação das cláusulas do Edital e transcreveu na íntegra a Ementa do julgado no PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000.

O essencial, repita-se, é que, ao convocar os candidatos para a prova de títulos, o Tribunal requerido deu efetivo e correto cumprimento à decisão plenária do CNJ.

Registre-se, de outro lado, que não há falar em violação à regra estabelecida pela Resolução CNJ n. 187. O próprio Plenário do CNJ, ao editar essa Resolução, modulou os seus efeitos para determinar a sua aplicação apenas aos concursos que ainda não tinham realizado provas.

A esse respeito, vale transcrever a conclusão do voto proferido pelo Conselheiro Emmanoel Campelo de Souza Pereira no PP n. 0003207-80.2013.2.00.0000, ensejador da mencionada Resolução:

Ante o exposto, julga-se parcialmente procedente o pedido formulado no presente Pedido de Providências, para modificar o texto da Resolução nº 81 do CNJ, na forma da minuta anexa, aplicando-se as regras alteradas aos concursos que, mesmo com edital já publicado, ainda não realizaram qualquer prova . (CNJ – PP n. 0003207-80.2013.2.00.0000, Cons. Relator Emmanoel Campelo de Souza Pereira, j. 11.2.2014) – grifos inexistentes no original.

Assim, como a prova objetiva do concurso em tela foi realizada em agosto de 2012 e a prova escrita e prática em outubro de 2012, não resta dúvida de que as regras da Resolução CNJ n. 187 não são aplicáveis a este certame.

Registre-se, por fim, que eventual interpretação diversa e superveniente pelo STF, em análise de caso concreto diverso, também não autoriza este Conselho a revisitar e revisar todos os casos julgados anteriormente sobre o tema. E, pelo que se extrai, não há nenhuma decisão da Suprema Corte que tenha invalidado ou alterado o conteúdo do julgamento proferido no PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000.

Ante o exposto,  julgo improcedentes os pedidos.

É como voto.

Após as comunicações de praxe, ao arquivo.

Brasília, 30 de setembro de 2014.

RUBENS CURADO SILVEIRA

Conselheiro

PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO. LIII CONCURSO PÚBLICO DE PROVAS E TÍTULOS PARA OUTORGA DAS DELEGAÇÕES DAS ATIVIDADES NOTARIAIS E/OU REGISTRAIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. PROVA DE TÍTULOS. IMPUGNAÇÃO CRUZADA. PRINCÍPIOS DA SEGURANÇA JURÍDICA E VINCULAÇÃO AO EDITAL. IMPOSSIBILIDADE.

Fonte: DJ – CNJ | 10/11/2014.

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PCA. LIII CONCURSO DE CARTÓRIOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. PROVA DE TÍTULOS. IMPUGNAÇÃO CRUZADA. PRINCÍPIOS DA SEGURANÇA JURÍDICA E VINCULAÇÃO AO EDITAL. IMPOSSIBILIDADE.

PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO. LIII CONCURSO PÚBLICO DE PROVAS E TÍTULOS PARA OUTORGA DAS DELEGAÇÕES DAS ATIVIDADES NOTARIAIS E/OU REGISTRAIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. PROVA DE TÍTULOS. IMPUGNAÇÃO CRUZADA. PRINCÍPIOS DA SEGURANÇA JURÍDICA E VINCULAÇÃO AO EDITAL. IMPOSSIBILIDADE.

I – O Edital do LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais vedou expressamente a impugnação cruzada de títulos ao admitir recurso apenas em relação à pontuação obtida pelo próprio candidato.

II – Como existe previsão contrária expressa no instrumento convocatório, a pretensão revela, na verdade, uma insurgência tardia contra o edital, no intuito de alterá-lo mais de 2 anos após a sua publicação.

III – O edital do concurso sub examine não contraria a lei, tampouco a minuta anexa à Resolução CNJ n. 81, cuja alteração deve ser aviada em procedimento próprio.

IV – As regras específicas e particularidades do certame em discussão tornam inaplicáveis as premissas que justificaram, em outros procedimentos, o deferimento de medida de urgência para assegurar a "impugnação cruzada".

V – O suposto "direito de acesso aos títulos" não se confunde com o "direito à impugnação cruzada". Assim, ainda que se entenda que a Lei de Acesso à Informação garante o acesso aos títulos dos concorrentes, não haveria como assegurar a pretensão de impugnação cruzada, porquanto contrária à previsão expressa do Edital do certame em tela.

VI – Pedido julgado improcedente.

ACÓRDÃO

O Conselho, por unanimidade, julgou improcedente o pedido, nos termos do voto do Relator. Declarou suspeição a Conselheira Ana Maria. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Saulo Bahia. Presidiu o julgamento o Conselheiro Ricardo Lewandowski. Plenário, 4 de novembro de 2014. Presentes à sessão os Excelentíssimos Senhores Conselheiros Ricardo Lewandowski, Nancy Andrighi, Maria Cristina Peduzzi, Ana Maria Duarte Amarante Brito, Guilherme Calmon, Flavio Sirangelo, Deborah Ciocci, Rubens Curado Silveira, Luiza Cristina Frischeisen, Gilberto Martins, Paulo Teixeira, Gisela Gondin Ramos, Emmanoel Campelo e Fabiano Silveira.

Autos: PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO – 0004433-86.2014.2.00.0000

Requerente: LUCIANA LEAL MUSA

Requerido: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ

RELATÓRIO

Trata-se de Procedimento de Controle Administrativo apresentado por LUCIANA LEAL MUSA em face do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ , por meio do qual se insurge contra a ausência de previsão, no Edital do LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais, de publicidade e possibilidade de impugnação cruzada dos títulos apresentados por outros candidatos.

Argumenta, em síntese, que:

a) é candidata aprovada na etapa oral do referido certame e aguarda a realização da fase de títulos;

b) inúmeras irregularidades e indícios de fraude têm sido observados nos títulos apresentados em outros certames, o que justificaria a necessidade de impugnação aos documentos apresentados;

c) recentemente, o Plenário do CNJ ratificou medidas liminares concedidas pela eminente Conselheira Luiza Frischeisen no sentido de determinar a divulgação dos títulos apresentados pelos candidatos, abrindo-se prazo para impugnação, a fim de tornar o concurso mais transparente e minimizar fraudes; e

d) o direito à divulgação e impugnação dos títulos apresentados por todos os candidatos estaria respaldado no direito fundamental de acesso à informação e no princípio constitucional da publicidade, regulados pela Lei n. 12.527/2011 – Lei de Acesso à Informação.

Diante disso, requer a concessão de medida liminar para determinar "a inclusão de etapa ao Edital de 27/04/2012 (TJRJ) – Notários e Oficiais de Registro, para a publicidade dos títulos apresentados pelos candidatos, assim como consequente abertura de prazo para impugnações por todos os contendores".

No mérito, requer a confirmação da liminar.

A Relatora sorteada, Conselheira Ana Maria Duarte Amarante Brito, encaminhou-me os autos para apreciação de eventual prevenção em razão dos Procedimentos de Controle Administrativo n. 0003886-46.2014.2.00.0000 e 0004385-30.2014.2.00.0000, e do Pedido de Providências n. 0004166-17.2014.2.00.0000, todos sob minha relatoria (ID n. 1485000).

Aceitei a prevenção indicada, indeferi o pedido de liminar formulado e determinei a intimação do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro para, no prazo regimental, manifestar-se sobre o requerimento inicial (ID n. 1493749).

O TJRJ se manifestou por meio do documento identificado sob o ID n. 1501887, pugnando pela improcedência do procedimento.

A Requerente apresentou réplica (ID n. 1507364).

É o relatório.

Autos: PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO – 0004433-86.2014.2.00.0000

Requerente: LUCIANA LEAL MUSA

Requerido: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJRJ

VOTO

Conforme relatado, a Requerente se insurge contra a ausência de previsão, no Edital do LIII Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga das Delegações das Atividades Notariais e/ou Registrais, de publicidade e de possibilidade de impugnação cruzada dos títulos apresentados por outros candidatos.

Sustenta, em síntese, que inúmeras irregularidades e indícios de fraude têm sido observados nos títulos apresentados em outros certames, o que justificaria a necessidade de impugnação aos documentos apresentados, na linha do que foi recentemente decidido pelo Plenário do CNJ, que ratificou medidas liminares concedidas para determinar a divulgação dos títulos apresentados, abrindo-se prazo para impugnação, a fim de tornar o concurso mais transparente e minimizar fraudes.

Insta destacar, de início, que o concurso em tela está em andamento desde abril de 2012, atualmente na fase de títulos, com a participação de 99 candidatos no critério "admissão" e 33 no critério "remoção".

Diante disso, conforme asseverei por ocasião do indeferimento da medida liminar, entendo que somente situações absolutamente excepcionais justificariam a alteração da "regra do jogo" na atual fase do certame, notadamente para contemplar obrigações ou etapas não previstas no Edital ou na Resolução CNJ n. 81, sob pena de grave ofensa aos princípios da segurança jurídica e da vinculação ao instrumento convocatório.

No caso, não vislumbro nenhuma situação excepcional que justifique tal alteração. Ao contrário, observo que a Requerente busca, na verdade, modificar a previsão expressa do subitem 18.7, alínea "c", do Edital, que assim dispôs:

18.7 – Admitir-se-á recurso nos seguintes casos:

a) no caso da Prova Objetiva de Seleção, para cada candidato, um único recurso por questão, relativamente ao gabarito;

b) no caso da Prova Objetiva de Seleção, para cada candidato, um único recurso por questão, relativamente ao conteúdo das questões;

c) no caso do Exame de Títulos, para cada candidato, um único recurso por título(s) apresentado(s), relativamente à pontuação obtida;

d) no caso do resultado preliminar do Exame de Títulos, desde que se refira a erro de cálculo das notas;

e) no caso do resultado preliminar do Resultado Final, desde que se refira a erro de cálculo das notas e a algum critério de desempate.

Como visto, não se trata de omissão do Edital acerca da possibilidade ou não de impugnação cruzada. Trata-se, isso sim, de insurgência tardia da Requerente contra previsão expressa desse instrumento convocatório – que só admitiu recurso relativamente à pontuação obtida pelo próprio candidato -, no claro intuito de alterá-lo anos após a sua publicação.

Nesse contexto, é até desnecessário recordar que a previsão do edital deveria ter sido impugnada no momento procedimental próprio, qual seja, no prazo de 15 dias após a sua publicação – e não agora, mais de 2 anos depois -, nos termos do artigo 4º, parágrafo único, da Resolução CNJ n. 81:

Art. 4º O edital do concurso será publicado por três vezes no Diário Oficial e disporá sobre a forma de realização das provas, que incluirão exame seletivo objetivo, exame escrito e prático, exame oral e análise dos títulos.

Parágrafo Único –  O edital somente poderá ser impugnado no prazo de 15 dias da sua primeira publicação.

Nesse sentido, vale transcrever trecho da manifestação apresentada pelo TJRJ:

"No caso em apreço, no tocante à inauguração da ?nova fase? pretendida pela Candidata requerente, cabe dizer que essa ?etapa? não encontra guarida na Resolução CNJ n° 81/2009 e, dessa forma, não se encontra reproduzida no Edital do LIII Concurso Público.

Talvez fosse importante reforçar a regra da preclusão consumativa, quando encerrada a etapa de impugnação às regras editalícias (aliás, foram inúmeras as impugnações à época; mas poucas foram acolhidas pelo Conselho Nacional de Justiça – e sempre sobre questões técnicas controvertidas).

Para o sadio e eficiente desenvolvimento do certame, é necessário que concurso público avance, sem retrocessos, em suas etapas legais previamente estabelecidas no edital. É o legítimo interesse público que deve prevalecer sobre os interesses individuais dos candidatos , os quais buscam naturalmente, sempre que podem, alcançar as posições e resultados que melhor lhes atendem.

(…)

A questão de conveniência administrativa é: contando com 99 candidatos inscritos no critério de admissão e 33 candidatos inscritos no critério de remoção, multiplicando-se o número pela quantidade de títulos prevista no item 7.1 da minuta de edital anexa à Resolução CNJ n° 81/2009, quantas impugnações ao final teremos?

Enfim, todas as impugnações podem ser (e serão, se assim vier a ser determinado) analisadas. Mesmo que sejam quarenta, cem ou duzentas. Naturalmente, isso influenciará no cronograma de desenvolvimento do certame . Somando -se, claro, o tempo necessário para processamento e análise dos recursos que certamente serão interpostos a respeito dos títulos (cf. previsto na Resolução CNJ n° 81/2009), a cargo dos candidatos insatisfeitos.

(…)

Seguindo-se esse caminho, difícil crer que o LIII Concurso Público irá terminar no ano em curso. Talvez venha a completar os seus três anos de vigência em abril/2015 , notadamente se considerarmos que, finalizada a etapa do exame dos títulos, teremos ainda a classificação final e as questões que lhe dizem respeito.

(…)

Tudo é possível no plano fático. Daí a importância do regramento prévio, que, na hipótese sub studio, decorre da Resolução CNJ n° 81/2009 e das regras editalícias ." (ID n. 1501887 – grifo inexistente no original).

Registre-se, de outro lado, que a supratranscrita previsão do Edital não contraria a lei, tampouco a minuta anexa à Resolução CNJ n. 81. No máximo complementa ou especifica o seu item 10.3:

"10. RECURSOS

10.1. Do indeferimento do pedido de inscrição, ou no caso de exclusão do candidato, pela Comissão de Concurso, caberá recurso para o Pleno do Tribunal de Justiça, o Órgão Especial ou órgão por ele designado, no prazo de 05 (cinco) dias.

10.2.  Contra o gabarito da Prova de Seleção, bem como contra o conteúdo das questões, caberá impugnação à Comissão de Concurso, a ser oferecida no prazo de 02 (dois) dias, a partir da publicação do respectivo gabarito ou prova no Diário da Justiça.

10.3. Contra a pontuação por títulos, caberá impugnação à Comissão de Concurso, no prazo de 02 (dois) dias, a partir da sua publicação no Diário da Justiça".

Com efeito, é de se ver que, se omissão existe, está contida no próprio ato normativo do CNJ, cuja eventual alteração deve ser aviada em procedimento adequado. O que não se pode admitir, repita-se, é alterar o Edital convocatório mais de 2 anos após a sua publicação, na "reta final" do certame, a teor de precedentes desta Casa:

PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO. 7º CONCURSO DE PROVAS E TÍTULOS PARA OUTORGA DE DELEGAÇÕES DE NOTAS E DE REGISTRO DO ESTADO DE SÃO PAULO. CERTAME ENCERRADO. REVISÃO DO EDITAL. PRECLUSÃO. PROVA DE TÍTULOS. CARÁTER ELIMINATÓRIO. RESOLUÇÃO CNJ 81/2009. ALTERAÇÃO. VIA INADEQUADA. COMISSÃO PERMANENTE DE EFICIÊNCIA OPERACIONAL E GESTÃO DE PESSOAS. ENCAMINHAMENTO

1 – Impossibilidade de revisão de um edital quando o certame já se encontra encerrado desde setembro de 2011, com a divulgação da lista definitiva dos candidatos aprovados. Admitir-se, nesse momento, a revisão do edital de um concurso finalizado, com candidatos aprovados investidos e em atividade nas serventias escolhidas, conforme informou o Tribunal de Justiça requerido, é atentar contra o princípio da segurança jurídica e a proteção da boa-fé, que deve permear a relação existente entre a Administração e os administrados.

2 – O edital do referido certame, a seu turno, não contrariou a Resolução CNJ nº 81/2009, pois ele é a reprodução fiel da minuta editalícia que a acompanha.

3 – Impossibilidade de o Conselho anular atos que se fundamentam em norma por ele mesmo editada, como é o caso da Resolução nº 81/2009.

4 – Eventual revisão da Resolução CNJ nº 81/2009, para os próximos concursos a serem abertos para provimento e remoção de serventias extrajudiciais vagas , de sorte a adequar os critérios para obtenção da nota final dos candidatos e prevenir que a pontuação na prova de títulos possa indevidamente dar causa a eliminação dos candidatos do certame, deve estar a cargo da Comissão Permanente de Eficiência Operacional e Gestão de Pessoas, pois este procedimento de controle administrativo é a via inadequada.

5 – Pedido julgado improcedente. (PCA n. 0000379-14.2013.2.00.0000, Relator Cons. Sílvio Rocha, 170ª Sessão Administrativa, j. 28.5.2013 – grifo inexistente no original)

Nesse sentido, também vale salientar que o certame do TJRJ guarda particularidades que o diferem dos concursos do TJRO e do TJDFT, nos quais houve deferimento de liminar para oportunizar a impugnação cruzada, a obstar a aplicação direta do entendimento que justificou, naqueles casos, essa medida de urgência (Procedimentos de Controle Administrativo n. 1092-34 e 2609-92, respectivamente).

A uma, porque, como visto, o edital do concurso do TJRJ expressamente vedou a impugnação cruzada, de modo que a Requerente teve oportunidade de se insurgir no momento apropriado, o que não ocorreu, a atrair o instituto da preclusão.

A duas, porque, no caso específico do certame do TJRJ, restou expressamente vedada a cumulação de todo e qualquer dos títulos previstos no item 7.1 do anexo à Resolução CNJ n. 81, por decisão unânime do Plenário do CNJ nos autos do PCA n. 0007782-68.2012.2.00.0000.

Essa particularidade acaba por reduzir sobremaneira a quantidade de títulos apresentados e, por conseguinte, a possibilidade de "fraudes", justificativa principal para se permitir a impugnação cruzada naqueles concursos.

Recorde-se que no concurso do TJRO (PCA n. 0001092-34.2014.2.00.0200) incidia a regra da cumulação ilimitada de títulos, levando ao entendimento de que a publicização e impugnação cruzada trariam maior controle, notadamente diante das irregularidades e indícios de fraude identificados em outros certames, especialmente na apresentação de títulos de especialização (pós-graduação lato sensu).

Essa mesma argumentação foi aplicada em parte ao concurso do TJDFT, recentemente iniciado (janeiro de 2014), sobre o qual incide, pelo que se extrai, a regra da cumulação parcial de títulos, a teor da Resolução CNJ n. 187.

Assim, diante das regras específicas e particularidades do certame do TJRJ, tenho por inaplicáveis as premissas que justificaram o deferimento da medida de urgência nos referidos procedimentos.

Nesse sentido, pode-se até cogitar de se instituir a impugnação cruzada da prova de títulos como "etapa" obrigatória dos concursos para provimento de serventias extrajudiciais,  matéria ainda pendente de pacificação pelo Plenário do CNJ. Mas nunca para o concurso em tela.

Admitir a impugnação cruzada no presente caso representaria, ainda, atuar na contramão da celeridade pretendida pelo texto constitucional e pela própria Resolução CNJ n. 81, em prejuízo do interesse público de conclusão do certame em prazo razoável. Verbis:

CF/88

Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público.

(…)

§ 3º – O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga , sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses.

Resolução CNJ n. 81

Art. 2º Os concursos serão realizados semestralmente ou, por conveniência da Administração, em prazo inferior, caso estiverem vagas ao menos três delegações de qualquer natureza.

§ 1º Os concursos serão concluídos impreterivelmente no prazo de doze meses, com a outorga das delegações . O prazo será contado da primeira publicação do respectivo edital de abertura do concurso, sob pena de apuração de responsabilidade funcional.

Diante do exposto, tenho por despiciendo discutir, neste procedimento, se a Lei de Acesso à Informação – LAI (Lei n. 12.527/2011), fundada no princípio constitucional da publicidade, confere ou não aos candidatos o direito subjetivo de "acesso" aos títulos (e demais provas) dos seus concorrentes.

Isso porque o "direito de acesso aos títulos" não se confunde com o "direito à impugnação cruzada", tema absolutamente estranho à lei de acesso à informação e que constitui o objeto final da pretensão da Requerente.

Assim, ainda que se entenda que a LAI garante à Requerente o acesso aos títulos dos seus concorrentes, não haveria como assegurar a pretensão de impugnação cruzada, porquanto contrária à previsão expressa do Edital do certame em tela, conforme acima demonstrado.

Ante o exposto,  julgo improcedente o pedido.

Não obstante,  DETERMINO  o encaminhamento de cópia desta decisão à Comissão Permanente de Eficiência Operacional e Gestão de Pessoas, responsável pela revisão da Resolução CNJ n. 81, a fim de que verifique a possibilidade de aperfeiçoá-la no tocante ao tema aqui discutido.

É como voto.

Após as comunicações de praxe, ao arquivo.

Brasília, 24 de outubro de 2014.

RUBENS CURADO SILVEIRA

Conselheiro

Fonte: DJ – CNJ | 10/11/2014.

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TJ/AL: Concurso para 189 cartórios de Alagoas tem inscrições reabertas

Candidatos podem se inscrever desde as 20h de sexta (7) até o dia 8 de dezembro, no site da Copeve

As inscrições do Concurso de Provimento e Remoção na Atividade Notarial e de Registro do Estado de Alagoas para 189 serventias podem ser realizadas desde as 20h de sexta-feira (7) e seguem até o dia 8 de dezembro, no site da Comissão Permanente de Vestibular (Copeve). A reabertura das inscrições está amparada no edital nº 20/2014, republicado no Diário da Justiça Eletrônico com as devidas alterações.    

No ato da inscrição, os candidatos deverão escolher um dos critérios de ingresso: provimento, remoção, ou provimento e remoção. Todas as inscrições estão sujeitas ao pagamento de taxa no valor de R$ 200,00 por meio de boleto bancário gerado diretamente no site da organizadora.

A presidência do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) esclarece que as inscrições realizadas no período de 23 de abril a 22 de maio permanecem válidas.

Para isenção da taxa, o candidato deve preencher um dos seguintes requisitos: ganhar até um salário mínimo por mês, estar desempregado ou ser doador de sangue. A solicitação pode ser feita no sistema da Copeve, no momento da candidatura, em concordância com as determinações da lei estadual nº 6.873.   

A confirmação da inscrição do candidato estará disponível no site da organizadora em até 72 horas após o pagamento da taxa. É de responsabilidade exclusiva do candidato o acompanhamento junto ao sistema de inscrição. Se após 72 horas a confirmação de pagamento não for efetivada no sistema, o candidato deverá entrar em contato com a Copeve, por meio dos telefones (82) 3214.1692 ou (82) 3214.1694 ou pelo e-mail copeve.candidato@gmail.com.     

Requisitos     

Para provimento de serventias, o candidato deve ter nacionalidade brasileira, idade mínima de 18 anos, estar no pleno exercício dos direitos civis e políticos e apresentar quitação das obrigações eleitorais e militares, além de ausência de condenação em processo judicial por crime doloso nos últimos cinco anos. Deve ainda ser bacharel em Direito ou ter dez anos de exercício de atividade notarial ou de registro, além de conduta digna.     

Para remoção, o candidato deve possuir regularidade dos serviços em sua serventia no período de dois anos, exercício de delegação em serviço notarial ou registral por mais de dois anos, ausência de condenação em processo por crime doloso nos últimos cinco anos e conduta digna para o exercício da atividade delegada.     

Os delegados de serviços notariais serão remunerados, exclusivamente, por meio de emolumentos cobrados em razão do ofício, com base nas atribuições estabelecidas na lei federal nº 8.935/1994 e nas definições do Código de Organização Judiciária de Alagoas.     

Vagas     

Com base na resolução nº 81/2009, as vagas serão numeradas na forma ordinal, em ordem crescente, considerando-se as duas primeiras como vagas destinadas ao Concurso de Provimento, e a terceira vaga ao Concurso de Remoção, e assim sucessivamente. Cada nova vacância será reconhecida pelo TJ/AL com a publicação de ato declaratório de vacância, no prazo de 30 dias, mencionando o número em que ela ingressará na relação geral de vagas.     

Publicada a lista de candidatos aptos à outorga, a Comissão do concurso, por edital, convocará os candidatos para, pessoalmente, formalizarem sua opção conforme ordem de classificação.     

Para as pessoas com deficiência serão reservados 5% do total de vagas das serventias oferecidas no edital e das vagas que vierem a ser disponibilizadas durante o prazo de validade do concurso, conforme o artigo 37, inciso VIII, da Constituição Federal, decreto federal nº 3.298/1999 e alterações previstas no decreto federal nº 5.296/2004, desde que a deficiência seja compatível com as atribuições da função.    

Fases do concurso     

O concurso divide-se em fase eliminatória e preliminar, sendo a prova constituída por 100 questões objetivas sobre os temas Registros Públicos, Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Tributário, Direito Civil, Direito Processual Civil, Direito Penal, Direito Processual Penal, Direito Comercial/Empresarial e Conhecimentos Gerais. A prova será realizada na data provável de 22 de março de 2015.     

Na fase eliminatória e classificatória, os candidatos passam por prova discursiva e técnica, além de prova oral. Será realizada prova de títulos na fase classificatória e, na fase eliminatória, investigação da vida funcional e pessoal, e exame de saúde física, mental e aptidão psicológica.

Clique aqui e leia atentamente o edital. (Página 09)

Fonte: TJ/AL | 07/11/2014.

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