Parecer CGJ SP: Retificação Registral de Ofício – Imóvel – Formal de partilha registrado tal como homologado – Posterior retificação pelo registrador, de ofício, ao argumento de erro na partilha – Metade do imóvel pertencia ao falecido e sua esposa; a outra metade, a uma das filhas – No momento da partilha, o imóvel foi integralmente atribuído à esposa do falecido – Retificação de ofício, mais de vinte anos depois do trânsito em julgado da sentença que homologou a partilha, para fazer constar que a viúva meeira passaria a ser proprietária de apenas 50% do imóvel – Impossibilidade – A qualificação registral de títulos judiciais está limitada a aspectos formais, extrínsecos – Ao Oficial, não é dado questionar o mérito da decisão judicial, quanto menos rever de ofício os termos da partilha homologada – Precedentes do CSM – Recurso provido.

Número do processo: 1113669-83.2015.8.26.0100

Ano do processo: 2015

Número do parecer: 166

Ano do parecer: 2016

Ementa

Retificação Registral de Ofício – Imóvel – Formal de partilha registrado tal como homologado – Posterior retificação pelo registrador, de ofício, ao argumento de erro na partilha – Metade do imóvel pertencia ao falecido e sua esposa; a outra metade, a uma das filhas – No momento da partilha, o imóvel foi integralmente atribuído à esposa do falecido – Retificação de ofício, mais de vinte anos depois do trânsito em julgado da sentença que homologou a partilha, para fazer constar que a viúva meeira passaria a ser proprietária de apenas 50% do imóvel – Impossibilidade – A qualificação registral de títulos judiciais está limitada a aspectos formais, extrínsecos – Ao Oficial, não é dado questionar o mérito da decisão judicial, quanto menos rever de ofício os termos da partilha homologada – Precedentes do CSM – Recurso provido.

Parecer

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA

Processo CG n° 1113669-83.2015.8.26.0100

(166/2016-E)

Retificação Registral de Ofício – Imóvel – Formal de partilha registrado tal como homologado – Posterior retificação pelo registrador, de ofício, ao argumento de erro na partilha – Metade do imóvel pertencia ao falecido e sua esposa; a outra metade, a uma das filhas – No momento da partilha, o imóvel foi integralmente atribuído à esposa do falecido – Retificação de ofício, mais de vinte anos depois do trânsito em julgado da sentença que homologou a partilha, para fazer constar que a viúva meeira passaria a ser proprietária de apenas 50% do imóvel – Impossibilidade – A qualificação registral de títulos judiciais está limitada a aspectos formais, extrínsecos – Ao Oficial, não é dado questionar o mérito da decisão judicial, quanto menos rever de ofício os termos da partilha homologada – Precedentes do CSM – Recurso provido.

Excelentíssimo Senhor Corregedor Geral da Justiça,

Cuida-se de recurso administrativo tirado de r. sentença da MM. Juíza da 1ª Vara de Registros Públicos da Capital, que julgou improcedente pedido de providência. Pretende o recorrente o cancelamento de averbação feita pelo recorrido para retificar, de ofício, registro de formal lavrado mais de vinte anos antes, por suposto erro na partilha de bens. Alega, em síntese não poder o Oficial rever mérito de decisão judicial transitada em julgado. Afirma que o formal espelhou precisamente os termos da partilha homologada, que, a seu turno, foi a síntese da vontade uníssona dos herdeiros.

A Procuradoria Geral de Justiça opinou pelo desprovimento do recurso, entendendo oportuna a retificação de ofício, feita em atendimento ao princípio da continuidade registrária.

É o relatório.

As hipóteses que viabilizam retificação registral de ofício estão previstas no art. 213, I, da Lei de Registros Públicos, e reprisadas, com breves acréscimos, no item 137.1, do Capítulo XX, das NSCGJ, a seguir transcrito:

137.1 O oficial retificará o registro ou a averbação, de ofício ou a requerimento do interessado, quando se tratar de erro evidente e nos casos de:

a) omissão ou erro cometido na transposição de qualquer elemento do título;

b) indicação ou atualização de confrontação;

c) alteração de denominação de logradouro público, comprovada por documento oficial;

d) retificação que vise a indicação de rumos, ângulos de deflexão ou inserção de coordenadas georreferenciadas, em que não haja alteração das medidas perimetrais, cuidando para que a retificação não altere a conformidade física do imóvel, e para que na inserção de coordenadas georreferenciadas seja observado o previsto nos itens 59.2 e 59.3 do Capítulo XX destas Normas de Serviço;

e) alteração ou inserção que resulte de mero cálculo matemático feito a partir das medidas perimetrais constantes do registro;

f) reprodução de descrição de linha divisória de imóvel confrontante que já tenha sido objeto de retificação;

g) inserção ou modificação dos dados de qualificação pessoal das partes, comprovada por documentos oficiais, exigido despacho judicial quando houver necessidade de produção de outras provas.

Nenhuma das situações abstratamente traçadas, porém, subsume-se ao caso vertente. Nem mesmo a alínea a, mencionada como fundamento da retificação (fls. 24), e de idêntica redação tanto no art. 213, I, a, da LRP, quanto no item 137.1, a, Capítulo XX, das NSCGJ. É que o formal de partilha, título em voga, foi fielmente transcrito na matrícula imobiliária. Descompasso algum se nota entre os teores do formal e do registro de n° 2, a fls. 17.

As averbações promovidas de ofício buscaram corrigir suposta falha na partilha dos bens deixados por João Pereira da Anunciação Filho. É que apenas metade do primeiro dos imóveis inventariados era de propriedade do de cujus e de sua mulher. A outra metade pertencia à filha Vera Lígia. Quando da partilha, todavia, destinou-se à esposa do falecido a totalidade do bem, aí incluída a porção que, até então, era de propriedade de Vera Lígia.

Não é dado ao Sr. Oficial, contudo, efetuar retificação de ofício, considerando equivocadas as razões jurídicas que conduziram o magistrado a homologar o esboço de partilha tal como apresentado. Ao exame dos aspectos formais do título há de ficar adstrito o Sr. Oficial. Os fundamentos jurídicos que culminaram com a formação do título executivo a ser registrado não lhe dizem respeito. Do contrário, chegar-se-ia ao ápice de se permitir que Oficiais modifiquem decisão judicial transitada em julgado. E, uma vez que o trânsito em julgado da sentença que homologou a partilha deu-se mais de vinte anos antes da retificação, teria o Oficial atribuição que sequer ao Poder Judiciário foi concedida: a de modificar sentença definitiva, por ato de ofício, a qualquer tempo, e independentemente da propositura de demanda judicial.

À luz dos magistérios de Afrânio de Carvalho:

“Assim como a inscrição pode ter por base atos negociais e atos judiciais, o exame da legalidade aplica-se a uns e a outros. Está visto, porém, que, quando tiver por objeto atos judiciais, será muito mais limitado, cingindo-se à conexão dos respectivos dados com o registro e à formalização instrumental. Não compete ao registrador averiguar senão esses aspectos externos dos atos judiciais, sem entrar no mérito do assunto neles envolvido, pois, do contrário, sobreporia a sua autoridade à do Juiz” (Registro de Imóveis, Rio de Janeiro: Forense, 3ª ed., p. 300).

Esta a pacífica orientação jurisprudencial deste Egrégio Conselho Superior da Magistratura:

“Registro de Imóveis – Dúvida julgada procedente – Formal de partilha – Inobservância do princípio da continuidade – Inocorrência – Qualificação registral que não pode discutir o mérito da decisão judicial – Recurso provido.

As exigências do registrador relativas à ocorrência de partilha “per saltum” e, de quebra, da continuidade devem ser afastadas porque discutem pontos já decididos com trânsito em julgado na esfera judicial.

Com efeito, o Juízo do Inventário homologou o plano de partilha e acolheu o pedido de adjudicação da inventariante para que o imóvel fosse adjudicado em nome dos compradores Ridney Lanza e Regiane Tomazi.

Embora a tese do registrador se mostre plausível, não se pode, a pretexto de qualificar o título, rediscutir o que já foi certo ou errado decidido em definitivo na esfera judicial. Do contrário, estar-se-ia admitindo que a via administrativa revisse o que se decidiu na judicial, o que é defeso.

(…) Portanto, em caso de eventual desacerto da r sentença proferida no âmbito jurisdicional, caberá o interessado se valer dos recursos e ações previstos no ordenamento jurídico. O que não se permite é que a qualificação registrária reveja o mérito da sentença judicial que transitou em julgado.

Não se confunda o presente caso com aqueles em que o Oficial de Registro de Imóveis devolve o título por conter vício de ordem formal (extrínseca), e o MM. Juízo que o gerou, em sede jurisdicional e de forma específica, examina e afasta a exigência que era pertinente porquanto restrita aos aspectos formais do título judicial.

Aqui, diferentemente, a qualificação do Oficial recaiu sobre o mérito do título judicial, o que lhe é defeso, por se tratar de elemento intrínseco do título que lhe foi apresentado. Deste modo, não há que se exigir decisão específica do MM. Juízo do qual o título é oriundo afastando a exigência.” (Apelação Cível 0001717-77.2013.8.26.0071, Rel. Des. José Renato Nalini, DJ 8/4/14)

“Registro de Imóveis – arrolamento de bens – formal de partilha – qualificação registral que questiona a que título a viúva do de cujus deveria receber seu quinhão – indagação que desborda dos limites da qualificação registral – impossibilidade de a via administrativa discutir o mérito da decisão judicial transitada em julgado – recurso provido.

Com efeito, se o Juízo da Família e das Sucessões partilhou à viúva, a título de meação, 50% (cinquenta por cento) dos imóveis descritos nas matrículas n°s 158.494, 158.502 e 155.905, todas do 14° Registro de Imóveis, e se essa decisão transitou em julgado, não cabe ao registrador, sobrepondo-se ao entendimento judicial, recusar o ingresso do título sob o fundamento de que deveria receber ela aludida fração como herdeira e não como meeira.

O mínimo que se deve presumir é que, se o juiz assim decidiu, é porque entendeu de forma contrária ao Oficial de Registro.

Assim, cabia ao registrador realizar o exame extrínseco do título e confrontá-lo aos princípios registrais e verificar se algum deles foi rompido. Ao questionar a que título à viúva deveria receber seu quinhãoherdeira ou meeiraingressou no mérito e noacerto da sentença proferida no âmbito jurisdicional, o que se situa fora do alcance da qualificação registral por se tratar deelemento intrínseco do título. Assim não fosse, estar-se-ia permitindo que a via administrativa reformasse o mérito da jurisdicional.” (Apelação Cível 1025290-06.2014.8.26.0100, Rel. Des. Elliot Akel, DJ 17/3/15)

“Apesar de se tratar de título judicial, está ele sujeito à qualificação registrária. O fato de tratar-se o título de mandado judicial não o torna imune à qualificação registrária, sob o estrito ângulo da regularidade formal. O exame da legalidade não promove incursão sobre o mérito da decisão judicial, mas à apreciação das formalidades extrínsecas da ordem e à conexão de seus dados com o registro e a sua formalização instrumental” (Ap. Cível n° 031881-0/1).

Contudo, a qualificação que recai sobre os títulos judiciais não é irrestrita, de modo que deve se restringir ao exame dos elementos extrínsecos, sem promover incursão sobre o mérito da decisão que o embasa.

No caso em exame, o Oficial recusou o ingresso do formal de partilha, pois da análise do formal de partilha percebe-se que quando do óbito de Basílio Ferreira o interessado Basílio Ferreira Filho era casado pelo regime da comunhão universal de bens com Eliane Fernandes Ferreira. Por outro lado, quando do óbito de Antônia Madureira Ferreira, Basílio Ferreira Filho já era separado judicialmente. Portanto, o auto de partilha deve refletir as consequências patrimoniais decorrentes da Saisini relativamente ao estado civil do herdeiro (fls. 09).

A qualificação do Oficial de Registro de Imóveis, ao questionar o título judicial, ingressou no mérito e no acerto da r. sentença proferida no âmbito jurisdicional, o que se situa fora do alcance da qualificação registral por se tratar de elemento intrínseco do título. Assim não fosse, estar-se-ia permitindo que a via administrativa reformasse o mérito da jurisdicional.” (Apelação Cível 0000418-72.2015.8.26.0531, Rel. Des. Xavier de Aquino, DJ 20/1/16)

Em idêntico sentido, as apelações cíveis 0909846-85.2012.8.26.0037, 0017376-73.2012.8.26.0100; 9000001-39.2012.8.26.0185; e0011977-27.2011.8.26.0576.

Não bastasse, o plano de partilha foi esboçado em comum acordo entre todos os herdeiros, aí incluída Vera Lígia, proprietária da metade do imóvel que, na partilha, coube integralmente a sua mãe. Aliás, a herdeira Vera Lígia é advogada. Mesmo com pleno conhecimento das normas que regem o tema, e na condição de principal interessada em manter para si a porção do bem que lhe tocava, concordou com a partilha tal como homologada. É, também, coautora do pedido em exame, de modo que pretende seja obstada a retificação feita de ofício. Com mais razão, portanto, absolutamente inviável que se arvore o Sr. Oficial em julgador, para rever, de ofício, sem procedimento judicial prévio, e mais de duas décadas depois, decisão judicial transitada em julgado.

Por todo o exposto, o parecer que, respeitosamente, submeto à elevada apreciação de Vossa Excelência é no sentido de se dar provimento ao recurso, para julgar procedente o pedido de providências e determinar o cancelamento da averbação n° 8, da matrícula n° 147.171, do 15° Cartório de Registro de Imóveis da Capital.

Sub censura.

São Paulo, 27 de julho de 2016.

Iberê de Castro Dias

Juiz Assessor da Corregedoria

DECISÃO: Aprovo o parecer do MM. Juiz Assessor da Corregedoria e, por seus fundamentos, que adoto, dou provimento ao recurso administrativo, para julgar procedente o pedido de providências e determinar o cancelamento da averbação nº 8, da matrícula nº 147.171, do 15º Cartório de Registro de Imóveis da Capital. Publique-se. São Paulo, 29 de julho de 2016. (a) MANOEL DE QUEIROZ PEREIRA CALÇAS, Corregedor Geral da Justiça. Advogados: NARCISO ORLANDI NETO, OAB/SP 191.338 e HELIO LOBO JUNIOR, OAB/SP 25.120.

Diário da Justiça Eletrônico de 12.08.2016

Decisão reproduzida na página 99 do Classificador II – 2016

Fonte: INR Publicações – DJE/SP

____

Publicação: Portal do RI (Registro de Imóveis) | O Portal das informações notariais, registrais e imobiliárias!

Para acompanhar as notícias do Portal do RI, siga-nos no twitter, curta a nossa página no facebook, assine nosso boletim eletrônico (newsletter), diário e gratuito, ou cadastre-se em nosso site.


SP: Alckmin entrega primeiras certidões do programa Encontre Seu Pai Aqui

Serviço de investigação e reconhecimento de paternidade é uma parceria do Governo do Estado, por meio do Poupatempo, com o MPSP

O governador Geraldo Alckmin entregou nesta quarta-feira, 8 de março, uma das primeiras certidões de nascimento emitidas pelo programa Encontre Seu Pai Aqui – serviço de investigação e reconhecimento de paternidade. Uma parceria do Governo do Estado, por meio do Poupatempo, com o Ministério Público de São Paulo para garantir ao cidadão o direito básico de ser reconhecido pelo pai biológico. Para marcar este Dia Internacional da Mulher, mães e filhos poderão acessar o programa e documentações serão entregues às famílias que já ingressaram com pedido.

“Esse é um trabalho muito importante. Temos 750 mil pessoas sem a identificação da paternidade no Estado de São Paulo. Então, o programa Encontre Seu Pai Aqui possibilita que as pessoas façam esse requerimento no Poupatempo”, explicou o governador.

A entrega de um dos primeiros documentos obtidos graças à parceria, realizada pelo governador Alckmin, foi para a Dona Regina Aparecida Ruvolo de Souza, que buscou certidões de nascimento dos seus dois filhos, um de 34 e outro 24 anos. Ela foi acompanhada do pai dos seus filhos, Jasmírio Rodrigues de Souza. Os dois moram no jardim São Paulo, Cidade Tiradentes. A Dona Regina conta que teve os filhos quando Jasmírio era casado com outra mulher. Depois, ele se separou para ficar com ela, e agora o casal procurou o Poupatempo para regularizar a situação.

“Foi uma alegria muito grande, um sonho de muitos anos que estamos realizando”, disse Regina. Com a certidão recebida das mãos do governador, os filhos do casal vão poder tirar a nova Carteira de Identidade com o nome do pai.

O governador destacou a importância do programa para as pessoas que não têm o nome do pai nos documentos. “Mais de 280 pessoas já procuraram o serviço em São Bernardo e a procura está sendo grande também em aqui em Itaquera”, afirmou. Ele disse que recebeu pedido do MP e pretende implementar o programa também nas escolas estaduais, onde o índice de crianças sem paternidade reconhecida é de 4,1%, segundo pesquisa do Ministério Público. A sugestão foi feita pelos representantes do Ministério Público do Estado presentes na visita ao Poupatempo Itaquera.

Alckmin anunciou ainda que, desde a ultima segunda-feira, 6 de março, o Programa Poupatempo passou a oferecer o serviço destinado a esclarecer casos de investigação de paternidade na unidade de Itaquera. O serviço já era prestado desde dezembro na unidade de São Bernardo do Campo, em um projeto piloto em parceria com o Ministério Público Estadual. Agora, passa a ser oferecido também na maior unidade do Poupatempo, que atende em média 11,7 mil pessoas por dia.

O serviço de investigação de paternidade tem por objetivo assegurar o direito de todos os cidadãos de ter o nome do pai na Certidão de Nascimento, Carteira de Identidade e em outros documentos. Apesar da garantia legal, existem mais de 750 mil pessoas com até 30 anos em todo Estado de São Paulo que não contam com a identificação do pai no RG, segundo estimativa do Ministério Público.

O serviço será expandido para todas as 72 unidades do Poupatempo nos próximos meses. A partir do dia 20, estará disponível também no Poupatempo Santo Amaro; a partir do dia 27, no Poupatempo Luz e, a partir de 3 de abril, nas unidades Lapa e Cidade Ademar.

Até o momento, mais de 280 cidadãos procuraram o Poupatempo para pedir o reconhecimento de paternidade. Mais de 60% são adultos, contrariando a expectativa dos promotores, que acreditavam inicialmente que a procura maior seria por mães de crianças não reconhecidas pelo parceiro. Desse total, 25 pais já reconheceram prontamente os filhos, logo no primeiro contato dos promotores. Em três casos os pais estão no exterior e o procedimento será via judicial. Em 23 casos os pais já morreram e a investigação terá de ser feita com exames de DNA de parentes. Oito intimados não foram localizados e oito não reconheceram a paternidade, o que também levará a procedimentos judiciais para exames de DNA.

Segundo o promotor público Maximiliano Roberto Ernesto Führer, da promotoria de São Bernardo, a ausência do reconhecimento da paternidade é motivo de grande constrangimento e também de problemas emocionais e psicológicos. Há mais de dez anos ele se dedica à causa e, com a ajuda do Poupatempo, espera ampliar a conscientização do público em relação à questão da paternidade responsável. “As pessoas que carregam o RG com o nome da mãe e do pai não fazem ideia do valor dessas informações registradas oficialmente no documento”, afirma.

Ele conta que todos os casos de investigação são emocionantes, e cita o caso de uma mulher que busca o reconhecimento pelo pai, mas ele não a reconhece. “Só em saber que ele existe e está vivo, ela chorou compulsivamente de felicidade ao receber a notícia”, conta.

Um levantamento feito no município de São Bernardo do Campo, com base em informações das secretarias Municipal e Estadual de Educação, mostrou que o índice de ausência de reconhecimento de paternidade, entre 2012 e 2015, chegava a 4,1%. “Na população carcerária esse índice chega a 12,91%”, diz o promotor.

No Poupatempo, a campanha conta com cartazes e folhetos com destaque para a frase que da nome ao programa: “Encontre seu pai aqui”. Os interessados no serviço precisam preencher um formulário com o Termo de Indicação de Paternidade, que será encaminhado ao Ministério Público Estadual para as providências necessárias.

Segundo o promotor, o termo pode ser preenchido pela pessoa que deseja ser reconhecida pelo pai ou por um responsável, caso ele seja menor de idade. O responsável pode ser a mãe, avó ou mesmo por vizinhos ou conhecidos. O termo é uma solicitação para que o processo seja iniciado.

Quando o pai não comparece ao Ministério Público após a primeira intimação, um processo judicial é aberto. Se o pai não é localizado, os promotores tomam providências, com a ajuda de familiares, para que ele possa ser encontrado e intimado.

Segundo a gerente de atendimento do Programa Poupatempo, Cândida Schwenck, a parceria com o Ministério Público tem grande significado ao agregar mais um serviço de cidadania para a população, de forma simplificada.

Como funciona

A solicitação (Termo de Indicação de Paternidade) deve ser preenchida no Poupatempo por alguém com mais de 18 anos e pode beneficiar pessoas de qualquer idade. Para simplificar o processo e evitar cobrança de taxas judiciais nos cartórios, o requerente pode declarar-se pobre. É necessário apresentar documento de identificação e cópia.

Depois de digitalizar o formulário e as cópias dos documentos, o Poupatempo enviará o material por e-mail para o Ministério Público. A partir daí, o promotor de Justiça competente providenciará a averbação e a extração de uma nova Certidão de Nascimento, que será entregue ao interessado num prazo estimado de 30 dias. Caso o pai não seja encontrado, não faça o reconhecimento ou tenha dúvidas sobre a paternidade, o promotor poderá encaminhar o interessado a um serviço de assistência judiciária (Defensoria, faculdades de Direito, serviços municipais).

Programa Poupatempo

O Poupatempo é um programa do Governo do Estado, executado pela Diretoria de Serviços ao Cidadão da Prodesp – Tecnologia da Informação, que, desde a inauguração do primeiro posto, em 1997, já prestou mais de 529 milhões de atendimentos. Atualmente conta com 72 unidades fixas, em todas as regiões administrativas do Estado, além de um posto móvel, que atendem mais de 180 mil cidadãos por dia.

Em 2016, o Poupatempo foi eleito pelo segundo ano consecutivo o ‘melhor serviço público de São Paulo’ pelo Instituto Datafolha. Em pesquisa anual de satisfação, o Poupatempo obteve 99% de aprovação dos usuários. A Prodesp, que administra o Poupatempo desde a sua criação, foi eleita em 2016 a ‘melhor indústria digital do Brasil’, no ranking Melhores & Maiores da revista Exame.

Serviço

Telefone: 0800 772 3633
www.poupatempo.sp.gov.br

Fonte: Portal do Governo do Estado de São Paulo | 08/03/2017.

____

Publicação: Portal do RI (Registro de Imóveis) | O Portal das informações notariais, registrais e imobiliárias!

Para acompanhar as notícias do Portal do RI, siga-nos no twitter, curta a nossa página no facebook, assine nosso boletim eletrônico (newsletter), diário e gratuito, ou cadastre-se em nosso site.


TJ/GO: Justiça permite inclusão de nomes de pais biológico e afetivo em documentos de filho

O juiz Mábio Antônio Macedo, da 5ª Vara da Família e Sucessões, determinou que conste, no registro de nascimento de um jovem de 18 anos, tanto o nome do pai biológico quanto o do socioafetivo.

Segundo consta dos autos, em 2002, o pai do jovem faleceu. Na época, ele tinha apenas três anos. Dois anos depois, sua mãe se casou novamente e o companheiro dela o criou como se fosse seu filho legítimo, dando carinho, atenção, educação e zelo. Em virtude da relação dos dois, eles pediram, juntos, na Justiça,  o reconhecimento da paternidade socioafetiva de forma consensual.

Ao analisar o caso, o magistrado salientou que é entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) o reconhecimento da dupla paternidade, baseado no princípio da dignidade da pessoa humana e para a felicidade e realização pessoal dos indivíduos.

Mábio Antônio ressaltou ainda que, por ser de interesse do filho, não existe razão para discussão a respeito da sobreposição entre a vinculação biológica e socioafetiva, uma vez que esta só traz benefícios à família. “Assim, o pedido das partes merece ser acolhido, para incluir, nos documentos de identificação do jovem, os dois registros paternos: biológico e socioafetivo”, ponderou.

Fonte: TJGO | 09/03/2017.

____

Publicação: Portal do RI (Registro de Imóveis) | O Portal das informações notariais, registrais e imobiliárias!

Para acompanhar as notícias do Portal do RI, siga-nos no twitter, curta a nossa página no facebook, assine nosso boletim eletrônico (newsletter), diário e gratuito, ou cadastre-se em nosso site.